O ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou que a carteira de identificação vai permitir que o torcedor violento seja banido dos estádios. "Eu trabalho com a lógica de banir do estádio quem vai provocar tumulto. Para isso, nós precisamos saber quem está assistindo aos jogos naquele momento", afirmou ele.

A localização desses torcedores (já identificados na entrada dos estádios) seria feita por câmeras. Segundo o ministro, o monitoramento por câmeras já é feito com sucesso nos estádios do Pacaembu e do Morumbi, em São Paulo, e pelo Beira Rio, em Porto Alegre.

O ministro defendeu a carteira do torcedor em audiência pública realizada nesta quarta-feira na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara.

O cadastro de torcedores está previsto no Projeto de Lei 4869/09, do Poder Executivo, que reformula o Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei 10.671/03) e faz parte de uma ampla estratégia para tornar os estádios brasileiros mais seguros para a Copa de 2014.

Orlando Silva afirmou que a objetivo da carteira, que provocou polêmica nos meios esportivos, é aumentar o vínculo dos torcedores com o clube, criando a figura do sócio-torcedor, que teria facilidade na aquisição dos ingressos, desde que se cadastrasse previamente. Com a medida, Silva espera melhorar a segurança nos estádios, identificando os torcedores presentes aos jogos.

"Garantir o ambiente social adequado no estádio exige punição na lei, mas exige também o controle do acesso aos estádios. O que nós pretendemos é instalar um sistema de acesso e monitoramento por imagens nos estádios de futebol do Brasil. Para isso, é preciso identificar quem está no estádio", disse.

O presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, considerou a eficácia do cadastro questionável. Ele disse que no Rio de Janeiro, por exemplo, a violência ocorre principalmente do lado de fora dos estádios.

Efeito contrário

Os deputados Silvio Torres (PSDB-SP) e Jô Moraes (PCdoB-MG) manifestaram preocupação com a possibilidade de criação do cadastro de torcedores e questionaram se ele não teria efeito contrário ao proposto, ou seja, dificultar o acesso aos jogos de futebol, principalmente pelos torcedores eventuais (como turistas) e pessoas que não são vinculadas a torcidas organizadas.

O ministro disse que está aberto a dialogar com o Congresso sobre os melhores mecanismos para facilitar o acesso dos torcedores, mas reafirmou os pontos do cadastro que considera positivos.