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Antonio Otero – Advogado
   
     
 


16/04/2009

Antonio Otero – Advogado
A bolsa de sustentabilidade

Um novo mercado para o bilionário mercado do equilíbrio 

Sustentabilidade, por definição, representa todo o empreendimento humano que seja sistematicamente integrado por pelo menos quatro características: que seja ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Hoje, qualquer novo projeto que se preze traz em seu bojo o conceito da sustentabilidade. Tanto as ações governamentais, quanto as melhores práticas empresariais adotaram o virtuoso ciclo sustentável, para produzir bens e prestar serviços que se utilizem de materiais recicláveis e energias renováveis, tendo o respeito à sociedade e o mercado em que atuam como uma autêntica missão.
 
No Brasil e no mundo passaram a surgir iniciativas para valorizar a sustentabilidade. Na Bolsa de Valores de São Paulo, da união de várias instituições renomadas surgiu um “Índice de Sustentabilidade Empresarial” (ISE), que representa uma cesta de ações de empresas que atuam com reconhecido comprometimento com a sustentabilidade. No Governo do Estado de São Paulo, surgiram inúmeros projetos que buscam cercar as ações do estado com a responsabilidade sustentável. No governo federal, existem centenas de iniciativas semelhantes, espalhadas nos ministérios, nas agências, nas estatais e nas mais variadas políticas públicas.
 
Enfim, a sustentabilidade é um fato, é prática e é futuro. Contudo, apesar de um aparente apogeu, sua importância filosófica não a está levando à sua materialização enquanto um fim. A sustentabilidade continua sendo praticada enquanto atividade meio, embora objetive um aparente fim. Em verdade, seus processos se esgotam por si só e não se somam para entregar um resultado efetivo, economicamente valorado e, portanto, negociável.
 
Diante dos avanços tecnológicos e da metodologia, no mundo atual é plenamente factível atribuirmos valor financeiro à sustentabilidade, criando índices que a reflitam e que possam ser negociados em um ambiente físico ou virtual como o de uma Bolsa de Valores.
 
A criação de um índice de sustentabilidade com valor financeiro permitiria que tivéssemos um mercado para o “equilíbrio”, onde os esforços proativos seriam recompensados pelos negligentes ou indiferentes, assim como ocorre com os créditos de carbono, um mercado em que são creditados e pagos os responsáveis às custas dos irresponsáveis. De tal forma, do ponto de vista coletivo, para a valoração do equilíbrio, o preço da irresponsabilidade deve ser agregado ao custo da prática, produto ou serviço entregue, ao mesmo tempo em que aquele que adota mecanismos limpos deve ser bonificado a expensas do irresponsável.
 
Portanto, atribuir valor financeiro aos índices de sustentabilidade e induzir sua negociação no mercado significaria dar valor concreto e recompensação financeira aos mais saudáveis e modernos atos empresariais, que poderiam ser traduzidos em vantagens creditícias ou incentivadas.
 
Todas as empresas que tiverem consciência do valor do equilíbrio, sem dúvida nenhuma, vão se esforçar em lucrar com ele. Em contrapartida, aquelas que acreditam e apostam na ignorância do mercado, teriam que rapidamente modificar suas práticas. O ideal seria que o Estado brasileiro, em todas as suas esferas e dentro de suas respectivas competências, regulasse o mercado de sustentabilidade, o que poderia se dar tanto em um ambiente físico como o de uma Bolsa como a BOVESPA, quanto em uma Câmara de compensação e até em um ambiente virtual, organizado e regulado pelos agentes do Estado de maneira integrada.
 
Caso o Estado brasileiro não tenha a criatividade, capacidade ou vontade política, poderíamos, por outro lado, contar com uma regulação privada de livre adesão, o que poderia ser debatido e fomentado na esfera das muitas instituições que vêm adotando a sustentabilidade como uma verdadeira missão. Vejam o admirável exemplo de sustentabilidade que nos é oferecido pelos bancos brasileiros Bradesco e Itaú-Unibanco, que representam quase 50% do ISE/BOVESPA!

Talvez a presente proposta seja apenas mais um visionário exemplo da criatividade e versatilidade brasileira para o desenvolvimento equilibrado de nosso mundo, talvez seja uma idéia que inspire e resulte em uma nova ordem econômica mundial, onde os fins contabilizam e recompensam os meios e não apenas intentam justificá-los. De qualquer maneira, ainda que os técnicos, os políticos e os céticos não queiram pular de suas cadeiras e sair de sua zona de conforto, um fato é incontornável: a sustentabilidade já vale bilhões e, ainda que sua valoração e negociação financeira pareçam uma miragem, é apenas uma mera questão de tempo, muitos poucos anos, para que se torne tão real quanto é hoje a negociação dos créditos de carbono.

Fonte: Antonio Otero
Autor: Antonio Otero
Revisão e edição: Renata Appel

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