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A maldição do ABN
   
     
 


27/06/2009

A maldição do ABN
RBS, Fortis e Santander só enfrentaram problemas após a compra hostil do banco holandês

montagem sobre foto de ROB IN UTRECHT/AFP
Antiga sede na holanda: após 180 anos de história, o banco foi fatiado por três compradores em 2007

Dizem que há males que vêm para bem. Pode ser. Mas não foi bem isso o que aconteceu após o triste fim do ABN Amro Bank, da Holanda. Com 180 anos de história, o banco foi vendido em outubro de 2007 por 71 bilhões, após uma ferrenha disputa entre o inglês Barclays e o consórcio formado pelo escocês Royal Bank of Scotland (RBS), o belga-holandês Fortis e o espanhol Santander. O trio demonstrou um grande poder econômico, colocou mais dinheiro na mesa e convenceu os acionistas a entregar a instituição. Ao final, esquartejaram o ABN e dividiram os pedaços entre si mundo afora, no melhor estilo dos clássicos predadores capitalistas. Não se sabe se o último presidente do banco, Rijkman Groenink, notório opositor do negócio, rogou alguma praga aos compradores antes de pedir demissão. Mas o fato é que os três se deram muito mal depois de levarem a melhor.

Supersticiosos ou não, os banqueiros foram surpreendidos pela crise do crédito de alto risco (subprime) em 2008 e seus planos de grandeza com os ativos europeus do ABN foram engavetados. Um ano depois do take over, o enfraquecido Fortis recebeu uma injeção de E 11 bilhões dos governos da Holanda, da Bélgica e de Luxemburgo. Acabou nacionalizado. Seu presidente, dinheiro/ Maurice Lippens, foi defenestrado do cargo. Seu colega Fred Goodwin não teve melhor sorte e perdeu o emprego quando o RBS acabou nas mãos do governo britânico.

Em 2008, o RBS teve o maior prejuízo de sua história: 24 bilhões de libras (US$ 34,3 bilhões). Na semana passada, Sir Goodwin teve sua aposentadoria reduzida pela metade, para 342,5 mil libras (US$ 560 mil), depois de muitos protestos públicos contra o pagamento. Sua casa num bairro elegante de Edimburgo foi atacada por vândalos, que quebraram três vidraças e danificaram seu carro, um Mercedes S600 preto. O corte nos vencimentos foi a punição dos acionistas por sua política de crescimento que acabou no maior vexame corporativo do capitalismo britânico. "Os bancos que foram mais agressivos estão hoje em dificuldades. Olha o RBS, que se envolveu na confusão do ABN Amro", afirma Hélio Duarte, diretor do HSBC no Brasil, ao explicar o conservadorismo estratégico do maior banco do mundo. O HSBC também perdeu dinheiro com o subprime nos EUA, mas absorveu sozinho a conta e não precisou ser socorrido pelos cofres públicos.

 

montagem sobre foto de ROB IN UTRECHT/AFP

O Santander também demonstrou força financeira durante a crise e prescindiu do dinheiro do contribuinte. Porém, não ficou imune à maldição do ABN. O Santander - que no Brasil herdou o lucrativo Banco Real, a joia da coroa do ABN Amro - terminou 2008 com lucro de E 8,9 bilhões, 9,4% acima do ano anterior. Seria um resultado perfeito, não fosse o prejuízo dos seus investidores com o malfadado esquema de pirâmide financeira do vigarista americano Bernard L. Madoff. O Santander distribuía os fundos de Madoff e seus clientes mais ricos investiram E 2,3 bilhões. O deslize maculou a imagem conservadora do banco. O estrago só não foi maior porque o Santander assumiu a maior parte do prejuízo, o que, na prática, consumiu E 450 milhões do lucro do quarto trimestre.

Sem saber, o banqueiro Emilio Botín, presidente do Santander, terceirizou parte da maldição holandesa. Mal fechou a compra do ABN, ele revendeu sua operação italiana - o Banco Antoveneta - para o banco mais antigo do mundo, o Monte dei Paschi di Siena (MPS), fundado em 1472. Um negócio de E 9 bilhões. Pois, na semana passada, o MPS sucumbiu à crise e teve de pedir ajuda ao governo italiano pela primeira vez - quer levantar "apenas" E 1,9 bilhão de ajuda oficial. E o que aconteceu com o Barclays, derrotado de forma humilhante na disputa pelo ABN dois anos atrás? Ironicamente, comprou em agosto passsado, nos Estados Unidos, o que restou do Lehman Brothers, pivô da crise que ajudou a afundar o RBS e o Fortis. E fez do limão uma limonada.

Fonte: ISTOÉ Dinheiro
Autor: Milton Gamez
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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