Devido às constantes reclamações de pessoas que compraram ingressos mais caros para assistir ao espetáculo Quidam, do Cirque du Soleil, o Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor de Pernambuco, (Procon-PE) notificou a empresa responsável pela apresentação, a Time For Fun, para dar explicações sobre a diminuição do preço do bilhete. A notificação foi enviada a organização do evento na manhã desta segunda-feira.
Segundo o Procon, a reclamação do público se deve ao fato de que, quando os ingressos foram postos à venda, no dia 19 de março, custavam R$ 490 para setor premium. Desde o dia 1º de julho, porém, a empresa responsável baixou o preço dos ingressos para R$ 300 a inteira e R$ 150 a meia-entrada, justificando a redução como uma promoção especial de férias que vai até o dia 15 deste mês. O valor é único para todas as áreas (inclusive a premium), exceto para o setor III, que custa R$ 230. O desconto é válido para as sessões de 9 a 19 de julho.
Quem se apressou e garantiu o acesso para o espetáculo canadense logo nas primeiras semanas de vendas de ingressos acabou pagando R$ 190 a mais para assistir ao show. Foi o caso da família da funcionária pública Karina Costa. Ela comprou três ingressos no final do mês de abril para o setor premium no valor de R$ 490 cada. Dias depois, Karina soube que os preços baixaram. Indignada, ela não concorda em ter gasto R$ 1.470. Se a funcionária pública tivesse comprado as entradas hoje, gastaria R$ 900 - uma economia de R$ 570.
“É uma falta de respeito com o consumidor que pagou antecipado para garantir um bom lugar. Descartei os outros setores e paguei mais caro, porque gostaria de assistir ao espetáculo em uma posição legal junto com minha família. Acho que quem comprou antes deveria ter algum privilégio. A organizadora deveria pelo menos ter mantido o preço”, desabafou Karina.
O Procon alega que a questão central é o fato de as pessoas pagarem mais caro e usufruírem o mesmo espaço em relação aos que compraram a entrada mais barata. “Queremos ouvir a justificativa jurídica da empresa responsável pela venda dos ingressos. Questionamos o fato de as pessoas pagarem por preços diferenciados para um mesmo local do espetáculo. Estamos no aguardo da resposta”, explicou o coordenador geral do Procon-PE, José Rangel.
O gestor do Procon-PE também afirma que não há como dizer ainda se o ato da empresa está ferindo o Código de Defesa do Consumidor. “Primeiro precisamos saber a resposta da organização do evento. Só depois disso poderemos afirmar se está certo ou errado o procedimento”, disse. De acordo com o Procon, cinco pessoas já reclamaram sobre a venda dos ingressos na sede da instituição localizado na Avenida Conde da Boa Vista, no centro do Recife.
A empresa Time For Fun, responsável pela organização do espetáculo do Cirque du Soleil no Brasil e também pela venda de ingressos, foi procurada pela reportagem do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR na tarde desta segunda-feira para comentar a notificação e afirmou que até o momento não tinha recebido nenhuma notificação do Procon-PE e que, por isso, não se pronunciaria sobre o caso.
Meia-entrada - Além de ter pago pelos ingressos mais caros, Karina Costa também pagou uma entrada inteira no valor de R$ 490 para a filha de cinco anos de idade porque não havia meia-entrada disponível para o setor que ela escolheu na época da compra do ingresso. "Soube depois que crianças de até 12 anos pagavam meia-entrada e me informaram na bilheteria que eu tinha que comprar um ingresso inteiro”, contou. O coordenador-geral do Procon-PE, José Rangel, explicou que nesse tipo de situação a pessoa deve apresentar uma queixa formal no Procon, já que o direito à meia-entrada é assegurado por lei.