Acabou o carnaval e começou o ano comercial real no Brasil.
Daqui até o próximo Natal temos uma extensa série de coisas importantes para tratar em termos de país.
É uma agenda de perguntas, cujas respostas terão de ser materiais e significativas: Como voltar a crescer? Quais as ações que irão diminuir a criminalidade? Como recuperar a saúde, a educação e a infraestrutura nacional o mais rapidamente possível?
Não pretendemos ousar dar alguma resposta, porém não se pode perder o norte de que as soluções existem e são praticadas em todo o mundo... Por que não no Brasil?
Porém, olhar para o futuro é sonho se não tivermos uma boa e coerente análise crítica do passado.
Aí entramos no caso mais emblemático da história nacional nesta década: a Petrobras.
Eis o pivô de várias dezenas de escândalos; de queda de governo; da ascensão da popularidade de parte do judiciário e das forças policiais.
A partir da Petrobrás, via operação Lava a Jato, o Brasil encontrou um caminho para recuperar sua autoestima.
A corrupção custou muito caro à estatal criada por Getúlio Vargas.
Entre 2014 e 2017 a Petrobrás acumulou um prejuízo de R$ 71,6 bilhões.
Qual a fórmula para uma estatal com autoridade para definir os próprios preços e monopolista na maior parte de suas atividades (produção, refino e oligopolista na distribuição e varejo) conseguir amargar resultados tão negativamente impactantes?
Conforme as investigações comprovaram, basta cobrar comissão sobre contratos “ultrafaturados”, além de generosas doses de má gestão e liberalidades com o dinheiro público.
Em 2018 pressupõem se que foi consolidado um processo de moralização da gestão da Empresa que, aliado ao aumento do preço externo e interno dos combustíveis – não esquecendo da greve dos caminhoneiros entre mais e junho do ano passado – levou a Petrobrás ao volumoso lucro de R$ 25,8 bilhões.
Em parte, este resultado mereceria os parabéns, se o valor em questão não fosse um tanto quanto exagerado para uma estatal que justifica sua condição privilegiada de mercado - sem concorrência real – no benefício do suprimento de combustível aos brasileiros.
Para se ter uma ideia, se o lucro em questão fosse dividido por quem o fez – os consumidores de combustíveis – cada veículo brasileiro teria a sua disposição cerca de 148 litros de gasolina (preço médio de R$ 4,00).
É verdade que seria bom que a Petrobras fosse plenamente recuperada. Entretanto, será que é correto que isto seja feito de forma tão imediatista e às custas dos consumidores brasileiros?
Em tempo: nos últimos 4 anos a inflação, pelo IPCA, foi de 25,6%. No mesmo período, os combustíveis aumentaram 44,9%.
E combustível mais caro significa menos competitividade econômica para o País, além de deslocar o consumo que iria aos supermercados, lojas de roupas, eletrodomésticos, móveis para os cofres da petrolífera.
O país necessita de concorrência no setor de energia para o nosso próprio bem.
Imagine-se o que seria das nossas telecomunicações, se o extinto sistema Telebrás não tivesse sido leiloado e pulverizado em empresas privadas?
Vitor Augusto Koch, Presidente FCDL-RS