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“Metas ousadas podem corromper”, diz coordenador da Lava-Jato
   
     
 


26/04/2019

“Metas ousadas podem corromper”, diz coordenador da Lava-Jato
Aplaudido de pé, o procurador da República Deltan Dellagnol falou, durante o Simpósio Brasileiro de Defesa do Consumidor, sobre a ética nos negócios

Ao longo dos sete anos de existência, a ética foi tema recorrente no evento A Era do Diálogo. Este ano, não foi diferente. Mas desta vez o assunto retornou ao palco do Simpósio Brasileiro de Defesa do Consumidor de maneira especial e inspiradora: com uma palestra do procurador-geral da República Deltan Dellagnol.

Coordenador da força-tarefa que deflagrou a operação Lava-Jato, resultando na prisão de políticos e na recuperação de quase R$ 13 bilhões desviados dos cofres públicos só em Curitiba, ele falou sobre a contribuição dessa operação para a retomada da ética dentro e fora das empresas.

A pressão corrompe

“Será que somos preparados para seguir com a ética mesmo sob pressão?”. Foi essa a primeira pergunta de Dallagnol à plateia. Ele fez uma análise da Lava-Jato, falou das acusações a quatro ex-presidentes da República e do envolvimento de empresas e políticos em esquemas de corrupção. As investigações percorreram 12 países e resultaram em 450 acusações.

Segundo Dallagnol, em uma das empresas acusadas, pelo menos 77 altos executivos também admitiram seus crimes. “Ninguém aqui é Darth Vader. Será que essas pessoas acordaram e falaram: ‘Hoje vou fazer o mal. Vou corromper e ser corrompido?’. Em geral, não. Não são psicopatas. São pessoas como muitas que conhecemos e que saíram de casa dando um beijo na cabeça dos seus filhos no café-da-manhã e que, pressionadas por resultados e metas, desviaram dos seus caminhos e racionalizaram seu comportamento”, disse Dallagnol

A percepção dele é de que algumas dessas pessoas, como políticos e empresários, achavam que não tinham escolha. Um segundo grupo entendia que estava apenas cumprindo ordens. Eram fantoches substituíveis. “É claro que isso não justifica os crimes cometidos. Mas ajuda a explicar o que aconteceu. Pesquisas mostram que esse tipo de crime é cometido por pessoas sem desvio de personalidade e que todos somos influenciados sob pressões”, explicou Dallagnol.

Dallagnol

O mal de seguir a manada

Esses desvios têm embasamento científico, segundo o procurador. Um deles é o Experimento de Asch, um antigo teste no qual quatro pessoas devem responder perguntas simples. O problema é que, no momento em que três atores passam a apontar a questão incorreta, a que está sendo testada, de fato, passa a errar também para acompanhar o grupo. Ou seja, o meio corrompe.

“Tendemos há anos nos comportar como parte de um rebanho”, disse Dallagnol. “Não é porque algo é generalizado é que está certo. Quem sabe a partir de noites como hoje possamos inverter essa equação e fazer com que a empresa isolada e constrangida seja a que trata de modo inadequado seus consumidores”.

Metas têm um grau de perigo

Dallagnol reforçou ainda que todos nós somos vulneráveis a práticas antiéticas quando estamos sob pressão ou submetidos a ausência de regras, competição excessiva, linguagem de guerra ou estabelecimento de metas irrealistas.

Ele deu como exemplo um caso da Ford, que ao estabelecer metas ousadas em troca de bônus fez com que seus funcionários ignorassem resultados de um crash test que mostrava o risco de as pessoas morrerem queimadas em casos de colisão. Foi o que aconteceu. Pior: os engenheiros, na época, fizeram um cálculo e constataram que o valor de eventuais indenizações por morte compensaria. É o que Dallagnol chama de “cegueira ética”. “Quando você foca nos resultados tudo o mais fica embaçado”.

Dallagnol

Ética como causa

Os novos consumidores, segundo Dallagnol, fazem negócios com companhias que têm uma causa. E isso deve fazer as pessoas repensarem o seu próprio propósito. “Perguntaram para dois pedreiros o que eles estavam fazendo com os tijolos. Um disse que estava levantando uma parede, já o outro disse que estava erguendo uma catedral. A sua vida é preciosa demais para erguer apenas paredes. É preciso erguer catedrais. É preciso ter propósito, pois isso vai lhe dar saúde e uma direção na vida”, disse o promotor.

Fonte: Consumidor Moderno
Autor: Ivan Ventura e Gabriella Sandoval
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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