Lutas internas
Não pense em disputas
Não queira a guerra
Orgulhe-se de suas lutas
De suas lutas internas
Não diminua seu oponente
Nem lhe deseje o insucesso
Apequenar o concorrente
É ofuscar o seu sucesso
Não critique quem é grande
Meça nele sua inspiração
Batalhe por suas vitórias
Ao alcançá-las, maior a satisfação
Não perca tempo com lutas inglórias
Estirpe as falsas desilusões
Instigue seus desafios
E o triunfo será sua gloria
Divida os louros do vencedor
Com quem ao seu lado lutou
Não faça da graça a desgraça
Aquele que o apoiou.
O último Adeus
Naquela sala fria
Na hora do último adeus
O coração corroía
Não o de meu pai,
Que posto sobre a maca
Em um quarto de CTI
Com a vida por um fio
Já desacordado
Chamou ali seu filho
Uma ligação metafisica
Em uma chamada psíquica
A uma hora da madrugada, compareci
Foram comigo seus netos
A última reunião dos Bady (s) 1
Com os olhos envermelhados
Ao ver os seus cerrados
Choramos e oramos
E ao beijar suas mãos, me despedi.
1 O autor (Bady Neto) leva o mesmo nome se seu pai, assim como os filhos (Badyzinho e Lucas Bady)
Tragédia de Mariana
(H)ouve-se um estrondo
Rompeu-se a barragem
Rasga-se em um rombo
Em dia de estiagem
Soa o alarde, uma sirene tardia
Tenta dar o aviso
Da tragédia que se anuncia
Já é tarde!!!!
Uma avalanche de lama
Fazem mortos e desaparecidos
Não haverá sequer sepultura
Corpos sumidos aos detritos
Um enchente lamaçal
Pôs fim na vida de um distrito
Findou Bento Rodrigues
Morreu assassinado e proscrito
Mariana não velará seus mortos
E suportará outras tantas dores
Inundou-se do Guaxupé ao Rio Doce
Calamidade sem pudores
Tantos ouvidos moucos
E olhos de quem não viu
Céticos, sem preceder a lastima
Irresponsabilidade dos loucos
Um rio, antes, límpido e Doce
De pureza a ser bebida
Levava vida aos municípios
Agora com aguas esquecidas
Peixes morreram asfixiados
Na privação do oxigênio
No afluxo que virou Barro
Retratos? canoeiros atolados
Nunca se vira tanta tristeza
Por tão grande extensão
De Mariana à Regência
Levando Desolação
O luto será a penitencia
Pela ofensa a Natureza
Até que O Mar do Espirito Santo
Limpe a lama dos nossos prantos.
Maktub
Não desvie seu olhar
Emudecendo meu sorriso
Faça do meu verso
O seu inédito improviso
O despertar do inverso
Fará meu acaso
O seu imprevisível
Arrolhar sentimentos?
Se a insanidade do ardor
Pode tardar a eternidade
Ou surgir em único momento
E que este instante seja perdoado
A vida é maktub,
E não tabuleiro, um jogo de dados