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Banco Central surpreende ao reduzir a Selic em 1 ponto, para 9,25%, a menor taxa desde 1986

ROOSEWELT PINHEIRO/ABR
HENRIQUE MEIRELLES, PRESIDENTE DO BC: decisão do Copom não foi unânime e sinaliza que ritmo de queda irá desacelerar nas próximas reuniões

O DIA 10 DE JUNHO DE 2009 vai ficar na lembrança de quem acompanha e sofre com os altos e baixos da economia brasileira. Desde 1986, início da série histórica, esta é a primeira vez em que os juros se apresentam com um dígito. São 9,25%, escreveu a imprensa em letras garrafais após o anúncio da equipe comandada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Foram anos de uma espera tomada por muitas dúvidas: afinal, vamos chegar lá? Sim! Respondeu na noite de quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom), que, inesperadamente, foi além das expectativas no corte da taxa básica de juros (Selic). De janeiro até junho, o comitê cortou quatro pontos percentuais na Selic.

A decisão surtiu dois efeitos imediatos. Bancos públicos e privados anunciaram imediatamente redução nos juros de suas principais linhas de crédito e alguns fundos de investimento perderam competitividade para a poupança. Preocupado, o governo deve editar nas próximas semanas medidas para compensar os investidores e evitar fuga dos fundos.

O setor produtivo recebeu bem a última das ousadias, mas alfinetou. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, a decisão foi positiva e em sintonia com o ajuste rápido e intenso de que o Brasil necessita. Mas ele lembrou as dificuldades enfrentadas nos últimos meses pela indústria: queda do PIB, redução dos investimentos e queda na produção e no emprego. No fim, pediu novos cortes na taxa. A Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp) manteve a crítica dos últimos meses.

"O juro básico ainda nos mantém com taxa real superior a 5%, a mais elevada do mundo", disse em comunicado o presidente Paulo Skaf. Pelos cálculos da consultoria UpTrend, a situação já melhorou. A taxa real recuou de 5,8% para 4,9%, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses. Um resultado inédito, mas incapaz de arrancar o Brasil do terceiro lugar no ranking dos maiores pagadores de juros no mundo. À frente dele estão China (6,9%) e Hungria (5,9%). Em outras palavras, continuaremos a ter um alto poder de sedução sobre os investidores, o que deve manter aceso o debate sobre a taxa de juros.


Autor: Luciana de Oliveira
Fonte: ISTOÉ Dinheiro

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