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Antivírus Gratuito: um risco velado

Antes de qualquer coisa, é importante ressaltar que não estou me referindo ao maravilhoso “mundo GNU”, sob o qual centenas de milhares de comunidades colaborativas contribuem livremente para o desenvolvimento de um bem comum (software) e cujos produtos possuem incomparável qualidade. Refiro-me aos softwares comerciais, voltados, principalmente, para plataforma Windows e cujo modelo de venda e licenciamento ainda obedece ao jurássico padrão tradicional

Nesses casos, nos últimos anos, muitos fabricantes de antivírus (que são empresas com fins lucrativos e, sem exceção, possuem uma versão paga de seu produto), lançaram no mercado, talvez como estratégia comercial, uma versão gratuita com direito inclusive a atualizações. É aí que mora o risco velado ao qual me refiro!

De acordo com pesquisa realizada pela Symantec Brasil, de cada 10 pequenas e médias empresas brasileiras, 3 não têm antivírus, ou seja, 30%! Não bastasse a expressividade desse número, dos 70% restantes, uma grande parcela utiliza justamente essas versões gratuitas de antivírus disponibilizadas por seus fabricantes.

Não vou me ater aqui a discutir a qualidade destes produtos, muito embora os próprios fabricantes exponham insistentemente e com clareza solar que suas respectivas versões pagas são mais completas e, portanto, mais poderosas. Mas, como disse, não é esse o real problema. Veja abaixo a que tipo de riscos estamos expostos ao usar esse tipo de antivírus em um ambiente corporativo:

- Os 2 antivírus gratuitos mais usados no Brasil deixam claro que suas versões “free” não possuem qualquer tipo de suporte. Esse detalhe, que pode ser irrelevante para um usuário doméstico, passa a ser crucial em uma empresa numa eventual infecção generalizada dos computadores;

- O uso de antivírus gratuito em uma empresa que possua link de Internet banda larga com endereço IP fixo, pode acabar deixando-a sem as atualizações, uma vez que o fabricante tem condições técnicas de identificar o grande volume de solicitações de atualização que partem diariamente de um mesmo endereço IP, podendo facilmente bloqueá-lo;

- Os fabricantes explicitam também que suas versões gratuitas de antivírus são voltadas exclusivamente para uso pessoal e doméstico, sendo vedado qualquer outro tipo de utilização. Isso quer dizer que o administrador que permita a instalação de antivírus gratuito nos computadores de sua empresa está incorrendo em pirataria e pode responder judicialmente por isso. Veja a seguir trecho retirado do contrato de licença de um dos antivírus gratuitos mais utilizados no país: “ADVERTÊNCIA: Este programa é protegido por leis de direitos autorais e tratados internacionais. Reprodução ou distribuição não autorizada desse programa, ou qualquer parte dele, pode resultar em severas penalidades civis e criminais. Criminosos serão punidos na extensão máxima permitida por lei.”;

Dessa forma, utilizar antivírus gratuito em uma rede corporativa pode dar ao administrador uma sensação de segurança a custo zero, porém tem um efeito exatamente oposto: o que se tem na verdade é um software incompleto, sem suporte, com grande risco de ficar desatualizado e, além de tudo, pirata! Então, por que insistir? 


Autor: Carlos Augusto Cruz
Fonte: Carvalho Comunicação

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