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Recursos de segurança usam tecnologia para corrigir lapsos dos motoristas
As novidades em segurança automotiva beiram a ficção científica. Restritas aos modelos mais caros dos melhores fabricantes do planeta, essas tecnologias fazem cair o queixo de quem as vê em funcionamento. Há sistemas de frenagem automática sem intervenção humana, câmeras térmicas que ajudam a condução no escuro e até um conjunto de alertas que aponta as barbeiragens do motorista. “Classificamos essas soluções como tecnologias ativas de proteção”, explica José Aurélio Ramalho, diretor de operações do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi). “Elas evitam acidentes e não apenas reduzem as consequências do impacto.” A mais emblemática novidade da área é o piloto automático adaptativo. Adotado por marcas como Volvo, BMW, Audi e Mercedes-Benz, ele emite um sinal de radar que mede, constantemente, a distância entre um veículo e outro. Se o motorista se aproxima demais do carro da frente, o sistema freia para evitar a colisão. “O carro não para completamente, mas reduz a velocidade a ponto de o impacto ser mínimo”, conta Leandro Oliveira, técnico da Volvo, que hoje pertence à Ford. Todos os modelos da empresa sueca priorizam as funções que transmitem informações ao motorista. Em momentos de stress – aceleração e frenagem bruscas, por exemplo – os modelos Volvo chegam a rejeitar ligações telefônicas para não desconcentrar o condutor. As informações ficam armazenadas e são transmitidas em momento apropriado. “A Volvo prefere não investir na overdose de recursos e funções que podem distrair o motorista”, afirma o técnico da marca, que aposta na austeridade como diferencial. Já a BMW e suas colegas alemãs – Audi e Mercedes- Benz – não veem conflito entre abundância de recursos e segurança. Um exemplo é a tela de 10,3 polegadas que ilumina o painel dos BMW série 7. Nela são exibidos alertas que, dependendo da urgência, também são projetados no para-brisa do carro – assim o condutor não precisa tirar os olhos da pista. Estradas mal iluminadas são encaradas com a ajuda de um sistema de visão noturna e, se o motorista quiser mudar de faixa, sensores na carroceria alertam para objetos nos pontos cegos. “É um sistema que complementa, mas não substitui as habilidades do motorista”, diz Luiz Estrozi, técnico da BMW do Brasil. Nem todos os investimentos estão em sistemas ativos – os passivos, que apenas reduzem as consequências do impacto, também foram desenvolvidos. Nos Mercedes-Benz Classe S (R$ 585 mil) e Audi Q5 (R$ 290 mil), há recursos que preparam o carro para o impacto. Bolsões de ar dentro dos bancos se inflam para corrigir a postura dos ocupantes. O carro avalia a força da pancada e calibra a velocidade do enchimento dos air bags. Ramalho, do Cesvi, alerta que tantos recursos podem ter efeitos indesejáveis. “A pessoa precisa saber que está a bordo de um carro e que isso exige atenção exclusiva”, lembra ele. “Quem dirige não pode relaxar jamais.”
Autor: João Loes Fonte: ISTOÉ |