Imprimir
 

Artigo do Diretor de Comunicação da Associação Médica do Rio Grande do Sul, Juliano Chibiaque

Há aproximadamente cinco anos, o Governo Federal desengavetou um projeto afirmando que nós, médicos, estávamos em número insuficiente, ou então de que os médicos brasileiros não queriam trabalhar no interior do nosso país. A verdade, nesse caso, é madrasta. À época, estávamos somente atrás da Índia em número de escolas médicas. Casualmente, esse país conta com aproximadamente um bilhão de habitantes a mais que o Brasil e ainda assim apresenta números preocupantes em relação ao acesso à saúde e às doenças evitáveis, cujos tratamentos ou prevenção há muito tempo estão consolidados na literatura.

Para fins comparativos, a Alemanha, que é uma potência mundial em saúde, conta com 40% do nosso contingente populacional e dispõe de tão somente trinta e duas escolas médicas. Também para fins comparativos, não nos tornamos uma potência na agricultura aumentando vertiginosamente o número de engenheiros agrônomos. A qualidade do profissional é imprescindível, mas o investimento em estudo de tecnologias aplicáveis e o aporte para o investimento no campo garantem anualmente nossas super safras. E então? Valendo-se disso, será que os que defendem programas como o Mais Médicos também entendem que a fome se acaba com mais cozinheiros? Seria muito simples e superficial isso tudo. Um médico com formação prejudicada coloca em risco o atendimento daqueles que lhe confiam seu bem maior, principalmente em situações de estresse e vulnerabilidade.

Portanto, é necessária uma reflexão. É preciso diálogo e, principalmente, o zelo por aqueles que almejam formarem-se médicos a fim de que a população tenha serviços de profissionais resolutivos e que contribuam sim para o desenvolvimento do nosso país. 


Autor: Dr. Juliano Chibiaque
Fonte: Play Press

Imprimir