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Artigo de Cristina Diez, engenheira de software e diretora comercial da Most Specialist Technologies

O mês de agosto de 2021 ficou marcado pela volta do Talibã ao governo do Afeganistão. Os extremistas islâmicos retomaram o poder no país após o governo dos Estados Unidos anunciar a retirada das tropas do local.  O grupo foi expulso da capital Cabul poucos dias depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Além de todos os problemas e incertezas que surgem na vida da população afegã com a volta do Talibã, um questionamento está fazendo parte da vida dos seus opositores: é possível ser descoberto por meio dos dados biométricos recolhidos pelo Estado afegão por mais de uma década?

A resposta é sim. Além de terem acesso às impressões digitais, íris e reconhecimento facial da população, dois terços dos habitantes do Afeganistão têm menos de 25 anos e estão habituados a criticar os talibãs nas redes sociais.

É interessante e paradoxal analisar que um programa de recolhimento de dados criado em 2009 para impedir que talibãs se infiltrassem no exército americano agora possa ser usado contra a população que criticou o regime durante esses anos.

O grupo extremista confiscou scanners de biometria utilizados pelos militares americanos, um equipamento conhecido como HIIDE (Handheld Interagency Identity Detection Equipmet). O sistema utiliza um leitor biométrico para catalogar a íris e outro para as digitais, armazena informações biográficas e é usado para acessar uma grande base de dados.

O HIIDE foi implantado pelos Estados Unidos para monitorar diariamente milhares de afegãos.  “Eu não acho que alguém tenha pensado em privacidade dos dados ou na ocasião do sistema [HIIDE] cair nas mãos erradas”, diz Welton Chang, diretor-executivo de Tecnologia da ONG Human Rights First e ex-oficial de inteligência do exército americano.

Para tentar reverter o quadro, a organização Human Rights First sugeriu às pessoas que estão em zonas monitoradas por câmeras de segurança a desviar o olhar para o chão para impossibilitar a identificação.

É interessante analisar no exemplo da volta do Talibã sobre como a Inteligência Artificial (IA) já é uma realidade em culturas que nunca imaginaríamos, como é o caso do Afeganistão.  No caso do HIIDE, o sistema gerou um problema de ordem diplomática. Entretanto, o mundo em que vivemos não pode mais ignorar a IA e a sua importância para os cidadãos, governos e iniciativa privada.

No ano de 2020, o reconhecimento facial impediu cerca de 370 mil fraudes e, por estar provando sua eficiência, tem ganhado cada vez mais espaço em diversos setores da sociedade. 


Autor: A autora - cristina@most.com.br
Fonte: Naves Coelho Comunicações

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