Dirigir é uma atividade que exige capacidade total de atenção e reação a uma série de situações que podem surgir inesperadamente na estrada. A visão desempenha papel crucial neste processo, sendo responsável por até 90% das ações necessárias para uma condução segura. Diferentes problemas de visão, desde miopia e hipermetropia até condições severas como catarata e glaucoma podem impactar a capacidade de guiar os veículos. A necessidade de fazer check-ups regulares com oftalmologistas é de extrema importância para que não haja problemas.

De acordo com o Detran-RS, entre janeiro e agosto de 2024, o Rio Grande do Sul registrou 5.282 sinistros, com 4.382 feridos e 357 óbitos, nas rodovias do estado. As rodovias federais tiveram redução de fluxo no período das enchentes em função dos bloqueios, mas os dados apontam para um aumento de 2,94%, em relação ao mesmo período de 2023, assim registrando o maior número de óbitos desde 2017. Além do número alarmante de crescimento, o Instituto Geral de Perícias de Porto Alegre, apresentou um estudo mostrando que 95% dos acidentes em 2024 são causados por falha humana, seja por embriaguez, falta de atenção ou outros problemas.

"Compreender a importância da saúde ocular e tomar medidas adequadas para corrigir e gerenciar problemas de visão é essencial para garantir que cada viagem seja a mais segura possível", ressalta o Diretor Técnico do Hospital Banco de Olhos São Pietro e oftalmologista, Fausto Stangler.

O especialista salienta a importância e dá dicas para que os pacientes que possuam problemas oftalmológicos consigam fazer uma direção segura em sua rotina:

• Miopia: Este problema oftalmológico traz dificuldade para ver objetos distantes, como sinais de trânsito e outros veículos, sendo possível mitigar com o uso de lentes de contato ou óculos para corrigir a visão à distância.
• Hipermetropia: Essa condição apresenta dificuldade aos pacientes para ver objetos próximos, como o painel do carro. Usar os óculos ou lentes de contato para corrigir a visão é imprescindível, além de manter os olhos descansados durante as viagens longas.
• Astigmatismo: Essa doença apresenta uma visão distorcida ou borrada em todas as distâncias, o que pode gerar dificuldades severas na leitura de sinais de trânsito. É possível mitigar o problema com o uso de óculos ou lentes de contato, com ajustes regulares na prescrição, conforme necessário.
• Presbiopia: Este problema consiste na dificuldade crescente para ver objetos com a idade, principalmente a partir dos 40 anos, afetando a leitura do painel e outros controles do automóvel. É necessário a utilização de óculos e lentes bifocais/progressivas. Além disso é preciso manter uma boa iluminação no interior do veículo.
• Daltonismo: Esse problema revela uma dificuldade em distinguir certas cores, o que pode afetar a interpretação de sinais de trânsito e semáforos (por esse motivo o sinal vermelho é sempre em cima ou a esquerda). Para essa condição é preciso prestar atenção na posição das luzes e ao formato dos sinais de trânsito.
• Catarata: Essa doença pode levar a cegueira e apresenta visão embaçada e sensibilidade aumentada ao brilho, principalmente ao crepúsculo ou ofuscamento com os faróis no contrafluxo. Para mitigar este problema há como opção a cirurgia que remove a condição.
• Glaucoma: Perda progressiva da visão periférica que pode gerar acidentes ao não perceber pedestres e outros veículos laterais. É necessário realizar um tratamento para controlar a progressão da doença e usar os espelhos do veículo de maneira mais ampla para auxiliar a visão periférica.

Doenças da retina, sejam de origem genética, ou cono degeneração macular relacionada à idade ou mesmo relacionadas ao diabetes, podem afetar tanto a qualidade da visão quanto a quantidade de visão, e necessitam acompanhamento especializado.

"Lembre-se que a segurança ao volante não depende apenas da habilidade de condução, mas também da capacidade de perceber o ambiente ao seu redor. É importante ir ao oftalmologista assim que houver uma suspeita em relação a visão", conclui o especialista.

Na visão de Stangler, assim como é feito o check-up do carro antes de pegar a estrada, as pessoas que vão dirigir devem realizar uma consulta e exames preventivos para garantir que não há problemas que atrapalhem o trajeto e garantam a segurança do motorista ou mesmo de terceiros.