A venda da participação da brasileira Vivo à Telefónica e a compra de 22 por cento da Oi por parte da PT deixou todas as partes envolvidas satisfeitas, desde os governos dos dois países até às empresas e acionistas.
Quase um mês depois da assembleia geral de acionistas da PT, a 30 de junho, em que o Governo português vetou a venda da Vivo à espanhola Telefónica, por considerar o mercado brasileiro estratégico para a empresa, o conselho de administração da maior operadora de telecomunicações portuguesa fechou acordo com a Telefónica.
Para o efeito, a Telefónica teve de rever em alta a proposta, oferecendo mais 350 milhões de euros, para 7,5 mil milhões de euros. Por outro lado, a PT mantém-se no Brasil ao entrar no capital da operadora Oi, com uma participação de 22,38 por cento.
Com a compra da Vivo, a Telefónica atinge a liderança do mercado de telecomunicações brasileiro, a PT mantém-se no Brasil, encaixa mais dinheiro e cumpre o 'desígnio' do governo português que classificou de "interesse nacional" a sua presença naquele mercado.
A operação, aprovada "por unanimidade" pelos membros do conselho de administração da PT, foi "uma solução boa para todas as partes", como destacou na conferência de imprensa o presidente executivo, Zeinal Bava, que apontou que a 'golden share' estatal deu "tempo" à PT para negociar o melhor para a empresa.
Para o primeiro ministro, José Sócrates, este foi um "excelente acordo para os acionistas e, principalmente, um excelente acordo do interesse estratégico de Portugal".
Numa declaração sobre o assunto em São Bento, José Sócrates destacou que "fica salvaguardado aquilo que era absolutamente essencial: a dimensão internacional da PT, a presença da PT num mercado tão importante como brasileiro", sublinhando, numa alusão à 'golden share', que "valeu a pena ter resistido às pressões dos mercados financeiros e dos interesses mais imediatistas".
Também a Comissão Europeia se manifestou hoje “satisfeita” por o “negócio Vivo ter ido para a frente”, depois de, numa primeira fase, o governo português ter inviabilizado a operação.