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Futuro promissor e cheio de mudanças para o varejo
   
     
 


25/08/2010

Futuro promissor e cheio de mudanças para o varejo
Tecnologia, conveniência e envolvimento são três palavras que podem ajudar a entender como será a configuração

De acordo com um levantamento realizado pela MatériaPrima Pesquisa + Ação com exclusividade para a CDL Porto Alegre, os próximos anos serão intensos e trarão mudanças significativas para o setor. A pesquisa faz parte das comemorações da entidade pelos 50 anos de atuação, celebrados em agosto de 2010. “A CDL tem ainda um caminho longo pela frente, por isso, pensamos em oferecer às nossas associadas uma pesquisa que aponte os próximos anos do varejo. Assim podemos nos preparar para os desafios que estão por vir”, explica Vilson Noer, presidente da CDL Porto Alegre.

A primeira tendência apontada no estudo permite afirmar que algum processo do varejo, será virtual. Se a compra for realizada em ambiente físico, com a presença de produtos e vendedores, o pagamento não será feito em moeda de metal, papel ou plástico, mas sim através de um sinal digital enviado de telefone celular autorizando a movimentação de valores entre a conta do consumidor e a do varejista. Mas ainda há a possibilidade de a compra ser feita de forma totalmente virtual, não como hoje acontece, mas usufruindo da realidade aumentada, permitido ao consumidor “sentir” virtualmente seu objeto de compra.

A tecnologia ao alcance das mãos permitirá ver consumidores escaneando códigos de barras no interior da loja, olhando para os preços e fazendo comparativos para esse item instantaneamente, on-line, dirigindo-se aos vendedores para negociar a compra pelo menor preço e as melhores condições. Uma tendência é a implementação de RFIDs (etiquetas com microtransmissores de rádio). Analistas prevêem o surgimento de uma "internet de objetos", onde mercadorias de todos os tipos poderão ser monitoradas em escala global. As definições para a nova tecnologia já estão na enciclopédia livre wikipedia: os leitores de RFID podem ser instalados em aparelhos que fazem parte do dia-a-dia das pessoas, como os celulares. Colocando um destes celulares em frente a um produto com RFID obtém-se seu preço, por exemplo, assim como suas especificações. O celular também pode ser usado para compras, através da leitura do RFID de um determinado produto. A companhia de cartão de crédito efetua o pagamento através da autorização do celular.

A base da pesquisa é uma analise exploratória, qualitativa com dez entrevistas a especialistas no setor, incluindo varejistas, pesquisadores, consultores e representantes do setor público. Além destes dados, coletados em fontes primárias, foi feita uma extensiva coleta em dados secundários de forma a subsidiar as tendências macroambientais.

Poder do Consumidor

Consumidores estarão usando aplicativos móveis para comunicar o bom, o mau, o que gostaram e o que não gostaram sobre sua experiência de varejo em tempo real. Através de redes sociais como o Twitter, consumidores podem postar que uma loja tem uma boa promoção, acelerando suas vendas; outro cliente posta em seu blog sobre o serviço terrível que acabou de receber, fazendo que consumidores migrem para outras lojas ou centros comerciais.

Em termos de tendências para o varejo mundial, nossos entrevistados também apontam para o papel da web como facilitadora ou definidora de compras. As redes sociais estão ajudando a dar um maior poder ao consumidor, este poder, aliás, parece ter deslocado a capacidade de barganha definitivamente do lado do vendedor para o lado do comprador. “Os clientes vão dominar a informação, muito mais do que as lojas. Eles saberão tudo sobre a loja através da Internet. Num horizonte de 5 a 10 anos, o consumidor ficará poderoso, em qualquer ramo que seja, pois ele saberá tudo sobre a concorrência e sobre o produto que quer comprar; saberá muito mais do que a loja saberá sobre ele”, descreve Edmour Saiani, consultor na área de varejo.

Este consumidor cada vez mais exigente e poderoso influencia sobre como os Centros Comerciais e vendedores terão que agir no futuro, adaptando processos e ambientes ao que os clientes esperam. Entre essas ações esperadas para o futuro, destacam-se: os funcionários de lojas terão a possibilidade de acompanhar os preços na Internet e serão incentivados a fazer vendas on-line; vendedores qualificados entrarão em negociações com um arsenal de valor agregado, acrescentado promoções, garantias e serviços adicionais para manter a venda; o preço fixo tende a desaparecer, surgindo uma dinâmica de preços no nível do indivíduo: com informações detalhadas sobre o perfil do cliente serão oferecidas ofertas personalizadas; os consumidores ecologicamente conscientes exigirão mais responsabilidade social.

Shopping X Loja de Rua

É unanimidade dentre os experts entrevistados que os shoppings não vão extinguir o comércio de rua, sendo que “haverá espaço para todos os tipos de venda: comércio de rua, hipermercados, shoppings e vendas on-line”, segundo Atílio Manzolli Júnior, diretor comercial da Manlec.

O comércio de rua também parecer ter espaço nas lojas de bairro, Marcus Paim, consultor de varejo e comunicação,  aponta uma tendência muito clara que é o “resgate da lojinha da esquina, grandes redes fazendo lojas compactas e Express. Por quê? Por que todo o modelo baseado no deslocamento e no uso do automóvel começa a ser questionado pela variável tempo e deslocamento, variável trânsito na cidade, variável conveniência, o resultado é que se descobre que as pessoas até pagam mais pela conveniência”.

Os maiores desafios para os shoppings nos próximos 20 anos devem ser, segundo o The Future Foundation, aumentar a relevância do mix de lojas para atender as tendências de comportamento e consumo, criar uma sensação de lugar diferenciado, atrair novos  consumidores, como homens e idosos, por exemplo, desenvolver ofertas segmentadas, conjugar consumo, lazer, serviços e espaços de trabalho elevando ao máximo o padrão de atendimento ao consumidor.

O consumidor, cada vez mais estará em busca do seguro, de livrar-se dos sentimentos de medo, stress e ansiedade. Procurará viajar de forma fácil, ter bom aceso a estacionamento, poder circular livremente enquanto compra. Irá querer ganhar tempo e reduzir esforços já que a vida nas grandes cidades torna-se cada vez mais complexa. Ele busca uma bolha protetora, mobilidade.

Tendências de consumo

O mantra de tornar as lojas mais acolhedoras para as mulheres e assim atrair mais homens nunca será mais verdadeiro do que durante a próxima década. Será hora de olhar para uma feminização da sociedade e uma masculinização das compras. Preocupar-se com a idade dos consumidores também se faz necessário. Para Maurício Morgado, professor do Centro de Excelência em varejo da FGV, esta realidade acerca do envelhecimento da população também merece atenção por parte do varejo: “De acordo com o IBGE, em 2050 teremos 1 velho para cada criança, a pirâmide vai virar um quadrado”.

O público mais velho valoriza etiquetas maiores, produtos ao alcance das mãos, corredores mais largos, espaço para descanso, fácil acesso às áreas comuns, atendimento treinado. Eles dispõem de tempo para se dedicar às compras, vão ao supermercado pelo menos cinco vezes por semana.

Porto Alegre: nossa cidade no futuro e o futuro do varejo em Porto Alegre

A Capital dos gaúchos experimenta um crescimento populacional e econômico por meio da expansão naturalmente a partir de eixos de desenvolvimento cujo ponto de origem é representado pelo Centro da cidade. Porém, conforme ocorre em cidades de maior porte, no exterior e no Brasil, na medida em que ocorre uma expansão geográfica, com o surgimento de novas áreas populacionais e novos bairros, há a necessidade de descentralizar as atividades de comércio e serviços. Isto, no futuro, deverá ser um movimento marcante: bairros auto-suficientes em termos de ofertas de serviços e comércio, permitindo que seus moradores encontrem aquilo que necessitam sem depender de grande deslocamento. “A tendência é que cada parte da cidade seja mais completa, que a cidade seja subdividida e que as áreas criem autonomia”, resume Manzolli Júnior. Gustavo Grisa, economista, especialista em Desenvolvimento Regional e Inteligência Estratégica, complementa: “uma área economicamente saudável seria uma cidade que tivesse áreas que conjugassem habitação, comércio e lazer, com certo equilíbrio, onde as pessoas morassem, comprassem e tivessem a oferta dos três itens”.

Essa tendência de cada região ou bairro tornar-se relativamente autônomo não implica em dizer que as pessoas simplesmente deixaram de circular pela cidade. O que ocorre na verdade é que a circulação tende a tornar-se mais difícil, as distâncias a serem percorridas maiores e a um custo de tempo incompatível com o ritmo de vida das pessoas. Isto resulta no reforço do conceito clássico de conveniência: a redução do tempo e esforço necessários para a realização de uma tarefa. Contudo, os entrevistados destacam que determinadas categorias de produtos têm características específicas, muitas vezes formando pólos comerciais, como é o caso do setor de móveis e o Polo da Avenida Ipiranga, ou o de produtos elétricos, na região da Avenida São Pedro. Assim, haverá espaço para este tipo de modelo de atividade comercial, mesmo que implique em maior deslocamento do consumidor.

Tendo em mente esse contexto, os principais eixos de expansão/desenvolvimento  citados  pelos  entrevistados  são  baseados  nos  seguintes  movimentos:

- Revitalização do Centro Histórico de Porto Alegre: fenômeno identificado em diversas cidades do mundo, o resgate de prédios e áreas históricas representa um retorno às origens, oportunizando novos espaços de lazer, cultura e comércio em áreas até então degradadas e decadentes.

- Urbanização da Orla do Guaíba: paradoxalmente, Porto Alegre se orgulha de ter um pôr-do-sol considerado um dos espetáculos mais belos da natureza, mas passou décadas se afastando de seu cartão postal. Com exceção da Zona Sul da cidade, que por características particulares sempre manteve certa relação e proximidade com o lago, em sua quase totalidade a orla do Guaíba foi esquecida ao longo dos últimos anos. Investimentos como o Barra Shopping Sul, novos prédios comerciais e residenciais, o entorno do Estádio Beira-Rio e a própria revitalização do Cais do Porto (integrado com o Centro Histórico) apontam para oportunidades relevantes de desenvolvimento.

- Eixo Zona Sul: representa um dos principais eixos de desenvolvimento, tanto por sua extensão quanto pelo seu potencial de crescimento. Com características que muitas vezes a aproximam de uma cidade do interior, a Zona Sul de Porto Alegre conjuga adequadamente  diversas  variáveis  como  renda,  áreas  disponíveis, oportunidades  de  crescimento  e  novos  investimentos  em  condomínios  e  espaços residenciais.

- Eixo  Zona  Leste:  tendo  as  Avenidas  Ipiranga  e  Bento  Gonçalves  como referências, este eixo de expansão direciona-se à Viamão, caracterizando igualmente como uma área de expressivo investimento imobiliário. 

- Eixo Zona Norte: a Avenida Assis Brasil representa um pólo de comércio há muitos anos, porém, vem sendo gradualmente modificado, com potencial de tornar-se uma região de comércio diversificado. O crescimento da renda na classe C é apontada também  como  um  fator  que  pode  reforçar  o  papel  de  regiões  de  comércio  dito “popular”, mas que gradualmente também amplia sua sofisticação.

Movimentos Demográficos

Dois aspectos foram os mais destacados pelos entrevistados no que se refere a mudanças de caráter demográfico em Porto Alegre: o envelhecimento da população e a expansão da Classe C. Dados do IBGE apontam que em 2050, 36% da população brasileira terá 55 anos ou mais. Até que este momento chegue, muito deverá ser feito no que tange a preparação da sociedade, das cidades e das empresas para atender a esse expressivo segmento de consumo. “Porto Alegre vai ter que cuidar do envelhecimento da população. Entender como se trata o idoso, ter estrutura para acomodá-lo e recebê-lo”, destaca Saiani. 

Segundo dados coletados pela Revista Exame junto a FGV e IBGE, em 2003 a classe C representava 37% da população brasileira; em 2008 passou a 49% e, em 2014, projeta-se que 56% da população estarão nesta faixa de renda entre R$1.115,00 e R$4.808,00. Por trás desses números está uma enorme quantidade de consumidores que mudarão de classe econômica, migrando das classes D e E para um novo universo de consumo na classe C. Isto implica em mudanças de hábitos, com projeções médias de crescimento na ordem de 90% nos gastos com alimentação, vestuário, eletroeletrônicos, móveis, medicamentos e cuidados pessoais. 

O cenário de desenvolvimento do Varejo de Porto Alegre depende do desenvolvimento da própria Porto Alegre e, neste sentido, diversos obstáculos ou dificuldades podem ser identificados. Mais do que isto, observa-se que a superação de eventuais barreiras não dependerá exclusivamente do lojista ou do empresário, mas de um conjunto de atores diretamente envolvidos no processo. Questões como segurança, acesso/deslocamento, urbanização e conscientização ambiental e social perpassam a esfera da atividade econômica do Varejo e se interligam com o governo, órgãos públicos, entidades e associações e com a própria comunidade.

A Copa de 2014 parece representar um cenário oportuno e inequívoco para que os diferentes atores possam se posicionar e passar a atuarem em conjunto de forma ainda mais integrada, não apenas pensando no horizonte de tempo de quatro anos, mas para as próximas décadas. Na opinião da maioria dos entrevistados, este será o principal impacto  da  realização  da  Copa  2014  em  Porto  Alegre:  a  possibilidade  de  serem realizadas ações, obras, mudanças que permitam à cidade se desenvolver de forma mais dinâmica e com melhor qualidade de vida, proporcionando melhores condições para o desenvolvimento do Varejo local.

Fonte: CDL Porto Alegre
Autor: Sinara Oliveira da Silva
Revisão e edição: Luiza Müller

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