Enquanto o óleo de palma ainda é uma incógnita para os consumidores dos Estados Unidos, tendo em vista que o país conhece basicamente a soja como matéria-prima para alimentos, as empresas locais são “empurradas” para o mercado sustentável por pressão das ONGs, que intensificam a vigilância, especialmente sobre os grandes players.
Essa é a reflexão apresentada por Andrew Bunger, diretor de vendas da Fuji Oils (EUA), durante a II Conferência Latinoamericana da RSPO – Roundtable on Sustainable Palm Oil (Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável), ocorrida recentemente em Belém (PA). Segundo ele, a busca pela sustentabilidade no setor naquele país ainda é muito mais um meio de proteção das empresas a possíveis ataques de ONGs do que um movimento para atender à demanda de um consumidor consciente. “O ataque do Greenpeace à Kit Kat serviu de alerta e a preocupação com a certificação passou a ser uma espécie de seguro contra a publicidade negativa”, afirmou referindo-se à marca de chocolate.
Compromissos vêm sendo feito pelas empresas – a exemplo da Unilever, que se comprometeu a usar exclusivamente óleo certificado a partir de 2015, mesma meta assumida pela Nestlé –, mas o executivo defende a importância da conscientização do consumidor, que não compreende bem as questões acerca do tema. “Os americanos não sabem o que é óleo de palma nem conhecem as questões que o cercam, só entendem ´sustentável´ ou ´não sustentável´”, explica.
Já o mercado Europeu, em contrapartida, está mais maduro nesse sentido. A conscientização do consumidor é maior e os players do mercado entendem a sustentabilidade como um caminho sem volta para o desenvolvimento, de acordo com a fala de Harald Sauthoff, vice-presidente da divisão “Global Management Fatty Alcohols and Natural Raw Materials” da Cognis (Alemanha). A Europa é a região do mundo que mais consome óleo de palma certificado, 22,3% do total.
Óleo de palma
O consumo global de óleo de palma está em aproximadamente 50 milhões de toneladas por ano, sendo a Indonésia e a Malásia os maiores produtores mundiais e o Brasil o 11º, com pouca representatividade ainda, mas em processo de crescimento. Amplamente usado como matéria-prima para alimentos, cosméticos e indústria oleoquímica, a WWF estima que o óleo de palma seja encontrado em aproximadamente metade dos produtos embalados que estão nos supermercados. Também é cada vez mais usado para biocombustível.