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Médicos de SP dão nota 4,7 a convênios brasileiros
   
     
 


23/09/2010

Médicos de SP dão nota 4,7 a convênios brasileiros
Para especialistas, interferência das operadoras na conduta médica gera queda na qualidade dos atendimentos
Coletiva reuniu diretores da Associação, jornalistas, representantes de outras entidades médicas e de sociedades de especialidade
 
“A relação entre a classe médica e as operadoras de planos de saúde chegou a um ponto insustentável. Por conta da baixa remuneração aos médicos, não conseguimos prestar um atendimento mais abrangente e de qualidade aos pacientes”, afirmou o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge Carlos Machado Curi, na abertura da coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (23 de setembro) na sede da entidade, em São Paulo.
 
O encontro, que reuniu diretores da APM, jornalistas, representantes de outras entidades médicas e de sociedades de especialidade, foi realizado para apresentação da pesquisa de avaliação dos médicos paulistas sobre os planos de saúde, feita pelo Instituto Datafolha em junho e agosto de 2010, a pedido da Associação. [Confira a íntegra em www.apm.org.br/pdf/Apresentação_revista_Datafolha_22_09.pdf]
 
Tomás Patrício Smith-Howard, diretor de Defesa Profissional da APM, alegou que a pesquisa APM/Datafolha serve como um grito de alerta: “O atendimento com qualidade aos pacientes está cada vez mais em risco, por conta da limitação imposta aos médicos. Há duas vítimas nessa questão, os usuários dos planos de saúde e os profissionais credenciados”. 

 Da esq. p/ dir.: Yvonne, Simas, Callegari, Ribas, Curi, Smith-Howard, Azevedo, Izzo e Almeida Fotos: Osmar Bustos

Em uma escala de 0 a 10, o médico paulista atribui nota 4,7 para os planos ou seguros-saúde no Brasil, conforme aponta o levantamento do Datafolha. Segundo Jurandir Marcondes Ribas Filho, vice-presidente Centro-Sul da Associação Médica Brasileira (AMB), infelizmente, o caos na relação entre médicos e planos de saúde não é exclusividade do Estado de São Paulo, pois ocorre em todo o Brasil.

“Está na Constituição de 1988 que a Saúde é um direito da população e um dever do Estado. O Estado tem a obrigação de interferir no setor privado da saúde, para coibir abusos”, destacou Renato Azevedo Júnior, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
 
Interferência na autonomia dos médicos
 
De acordo com a pesquisa encomendada pela APM, cerca de 9 em cada 10 médicos declaram que há interferência dos planos ou seguros-saúde na autonomia técnica do médico, sendo que 3 em cada 10 profissionais afirmam que glosar procedimentos ou medidas terapêuticas é o tipo de interferência que mais afeta a autonomia médica. Desiré Carlos Callegari, 1º secretário do Conselho Federal de Medicina (CFM), argumentou que o problema é de grande importância, pois o médico fica tolhido de prestar melhor assistência aos pacientes diante da negativa e da demora na liberação de exames, internações, cirurgias etc.
 
Considerando o honorário médico, os profissionais entrevistados atribuem as piores remunerações às empresas Medial (14%), Intermédica (12%) e Amil (9%). “Já vi grandes profissionais, formados em excelentes faculdades, fechando seus consultórios porque não conseguem os manter com os valores recebidos pelos convênios”, informou a presidente da Academia de Medicina de São Paulo, Yvonne Capuano. Carlos Grandini Izzo, representante da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), acrescentou ainda que os resultados do levantamento não são novidade, já que os médicos vivem defasados e a saúde suplementar, muito castigada devido ao problema. 

Por fim, Frederico de Almeida, advogado da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), corroborou o problema do ponto de vista dos clientes das operadoras, cujas queixas são muito comuns nos órgãos de proteção ao consumidor. “Os resultados do estudo nos ajudam a entender as principais queixas dos usuários, em relação à negativa de coberturas e reembolsos e às mudanças na rede credenciada.”
 
A coletiva de imprensa também contou com a participação do diretor de Defesa Profissional adjunto da APM, Jarbas Simas, da presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas,Marilene Rezende Melo, entre outras lideranças da classe médica.

Para os especialistas, a postura das operadoras de planos de saúde é a principal causa da queda na qualidade do atendimento prestado à população, o que pode colocar em risco a vida dos pacientes. “Isso pode refletir em todo o país”, afirmou Jorge Machado Curi, presidente da associação, sobre os resultados da avaliação.

A pesquisa foi realizada entre 23 de junho e 18 agosto deste ano e foram ouvidos 403 médicos em atividade no estado de São Paulo e cadastrados no Conselho Federal de Medicina (CFM). A margem de erro da pesquisa, para mais ou para menos, é de 5 pontos percentuais, considerando um nível de confiança de 95%.

Menos autonomia

Pelo menos 93% dos médicos de São Paulo já tiveram sua autonomia técnica profissional diminuída ao sofrerem pressão das operadoras de planos de saúde. Entre as interferências mais comuns, está o ato de solicitar explicações ao profissional sobre procedimentos ou medidas terapêuticas adotadas no decorrer do tratamento, sendo que três em cada 10 médicos já receberam esse tipo de questionamento.

Além disso, o tempo de internação dos pacientes e a prescrição de medicamentos de alto custo são outros dois alvos recorrentes de questionamento por parte das operadoras.

“Isso deve ser discutido mais profundamente. São aspectos de um problema que interfere na relação do paciente com o médico, resultando na diminuição da qualidade do atendimento, e não é isso que pretendemos”, afirma Curi.

Carlos Grandini Izzo, representante do Conselho Fiscal da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), afirma que as informações apresentadas pelos médicos devem ser objeto de reflexão por toda a sociedade. Ele acrescentou ainda que os honorários da classe médica estão defasados.

“Com os valores repassados hoje aos médicos é impossível a manutenção de um consultório”, exemplifica o secretário do CFM, Desiré Carlos Callegari.

ANS de mãos atadas

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), criada em janeiro de 2000, alega não dispor de dispositivos legais para intervir na relação dos médicos com as operadoras de saúde. Curi rebate o argumento da agência.

“A regulamentação deve ser revista pelo governo, pois o que se percebe é uma atuação livre por parte das operadoras em um mercado que envolve a saúde da sociedade.”

O pior de todos

Entre os planos avaliados pelos médicos paulistas, a Medial foi eleita o pior convênio e também o que pior paga honorários médicos. A Intermédica está em segundo lugar no quesito, seguida pela AMIL. Já os planos considerados mais burocráticos foram Sul América Saúde, Cassi (Banco do Brasil) e AMIL.

Para Frederico de Almeida, advogado da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), os dados da pesquisa vão possibilitar um melhor entendimento das queixas realizadas por consumidores, auxiliando a identificar a atuação das operadoras no estado.

Fonte: APM - Giovanna Rodrigues
Autor: Redação
Revisão e edição: Redator

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