Análises feitas pelo Laboratório do Departamento de Vigilância Sanitária (DVisa), da Prefeitura de Manaus, comprovaram a presença de coliformes fecais em 100% das amostras de sucos in natura, apreendidas em fiscalização do órgão aos produtos comercializados por ambulantes, nas principais avenidas da cidade.
O resultado da análise aponta que os sucos são preparados em condições insatisfatórias de higiene, não atendem aos padrões exigidos pela vigilância para comercialização e oferecem riscos à saúde do consumidor, conforme afirma o secretário municipal de Saúde, Francisco Deodato.
Segundo o secretário, o DVisa dará prosseguimento às fiscalizações com foco nos ambulantes que atuam, principalmente, sob os semáforos nas avenidas mais movimentadas da cidade. “Os fiscais continuarão nas ruas e todos os itens comercializados sem atendimento às normas da vigilância sanitária serão recolhidos e inutilizados, com base na legislação vigente, a fim de inibirmos este tipo de irregularidade”, frisa.
Nos últimos 30 dias, o DVisa, órgão da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), já apreendeu quase mil frascos de sucos, nesses locais.
De acordo com Deodato, o Departamento também prossegue com a busca pelos locais onde são produzidos e engarrafados os sucos que chegam ao consumidor final. “O ambulante será advertido sobre a irregularidade, terá o produto apreendido e sofrerá o prejuízo pela perda do investimento. No entanto, o interesse do órgão é localizar e autuar o local de produção que, por sua vez, pode sofrer as sanções da legislação, por desobediência ao Código Sanitário do município”, ressalta.
Se constatada a irregularidade, diz ele, o estabelecimento será lacrado e o produtor pode ser multado em até 400 Unidades Fiscais do Município (UFMs), o equivalente a R$ 24 mil.
Além de estarem fora do padrão indicado para o consumo humano, os produtos são comercializados em condições em que se eleva o nível de contaminação por coliformes fecais, observa o diretor do DVisa, Varcily Barroso.
“As garrafinhas de sucos quase sempre são vendidas na rua, sem a refrigeração adequada, que deve ser entre 8o Celsius e 10o C para este tipo de item. Dessa forma, ficam expostas a altas temperaturas ambientes, de 38 o C a 40 o C, o que propicia a proliferação das bactérias já existentes no líquido”, alerta.
Conforme explica a médica da família, Cláudia Mota, a ingestão de sucos in natura contaminados por bactérias provenientes de coliformes fecais pode provocar agravos, principalmente de trato gastrointestinal. “Os resultados desse consumo podem ser perigosos, especialmente para crianças e idosos, em função do baixo nível de defesa do organismo. Isso não significa que os adultos estejam imunes aos efeitos prejudiciais. Nos casos mais comuns de infecção por bactérias, o paciente apresenta diarréia e vômitos. Se o nível de contaminação for alto, o quadro tende a evoluir para diarréias sanguinolentas e febre alta”, afirma.
Para evitar o transtorno, frisa a médica, o ideal é evitar o consumo destes sucos.
Metodologia
De acordo com a gerente do Laboratório de Vigilância em Saúde do DVisa, a farmacêutica bioquímica Oneide Sena, o método aplicado para obtenção do resultado consta na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no 12 de 2001.
Segundo a RDC, se em 50 mililitros de sucos naturais ou industrializados não houver a presença de coliformes fecais, o produto foi feito em condições satisfatórias de higiene e está adequado ao consumo humano. “Todas as amostras que foram submetidas à análise tiveram confirmada a presença de coliformes fecais nos primeiros 10 m/l do líquido testado”, explica.
Se o resultado apresenta presença em 50m/l do líquido, diz ela, o produto é considerado fora de padrão e tem que ser retirado do mercado, conforme estabelece a RDC. A gerente observa que, nesta situação, os sucos já não podem mesmo ser comercializados, pelo fato de não se conhecer a origem, o fabricante e as condições de preparo. “Além disso, ainda constatamos a presença dessas bactérias que são nocivas ao organismo”, salienta.