O reajuste das mensalidades escolares de 2011 será até duas vezes maior que a inflação oficial deste ano, segundo levantamento feito pelo R7 com sindicatos de instituições de ensino particulares de 11 Estados. Pelo nono ano consecutivo, o aumento será superior ao IPCA (Índice Geral de Preços ao Consumidor), de acordo com a Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares).
A edição mais recente do Boletim Focus - relatório do Banco Central feito com base nas opiniões de analistas de mercado – prevê que o IPCA, medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), encerrará 2010 em 5,78%.
No entanto, escolas do Ceará, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, por exemplo, vão aumentar a mensalidade em até 13% no ano que vem. O aumento mínimo previsto é de 4%, mas a média deverá ficar em 10%, de acordo com pesquisa do R7. Em 2010, conforme índices definidos em 2009, o reajuste médio foi de 7%.
Cada colégio tem autonomia para definir o reajuste, mas a remuneração dos professores, a inadimplência dos pais e os gastos da escola com as contas de luz, água, telefone e aluguel serão o termômetro para medir o tamanho do reajuste, segundo o presidente da Fenep, José Augusto de Mattos Lourenço.
- Os salários representam para as escolas, incluindo os impostos, de 50% a 70% da sua receita. Com certeza, o aumento vai ficar acima da inflação pelo nono ano seguido. Os motivos para isso são os gastos com pessoal e a inadimplência, já que a lei obriga a escola a ficar 12 meses com o aluno sem poder fazer nada. Isso tudo vai para a planilha de custos e o bom pagador paga pelo mau pagador.
Eventuais mudanças na proposta pedagógica e a melhoria das instalações da escola, como a criação de novos laboratórios, também deverão se refletir no bolso dos pais, segundo Lourenço.
- Ainda tem a introdução de música, que será disciplina obrigatória a partir de agosto do ano que vem, mas as escolas já começam a oferecer no início do ano. A princípio, está dentro da grade de artes, mas se for acrescido ao número de aulas, isso implica em mais custos com professor e isso vai impactar em aumento.
O levantamento do R7 aponta que a projeção de reajuste das mensalidades no Ceará deverá acompanhar o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), acrescido de dois pontos percentuais, e deverá chegar perto de 13%. O IGP-M deverá fechar o ano em 11,34%, de acordo com o último relatório do BC.
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Rio de Janeiro |
de 4% a 9% |
São Paulo |
6,7%, no mínimo |
Brasília |
de 7% a 11% |
Minas Gerais |
de 3% a 10% |
Pernambuco |
de 8 a 12% |
Rio Grande do Sul |
de 6% a 9% |
Ceará |
até 13% |
Amazonas |
de 7% a 10% |
Santa Catarina |
4% a 10% |
Bahia |
de 6% a 7% |
Paraná |
não informou |
IPCA (índice oficial de inflação) |
5,58%** |
* Valores são apenas projeções e podem variar de acordo com a escola
** projeção do mercado no boletim Focus, do Banco Central, de 19/11
Fonte: Sindicatos Estaduais das Escolas Particulares
Segundo o presidente do Sinepe-CE (Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará), Airton de Almeida Oliveira, é comum no Nordeste o pai barganhar descontos – de até 10% - nas mensalidades antes de escolher o colégio, o que praticamente anula o reajuste.
Em Pernambuco, o aumento deverá ficar entre 8% e 12%, segundo projeção do Sinepe-PE (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco). Depois, aparecem Brasília (de 7% a 11%), Amazonas (de 7% a 10%), Santa Catarina (de 4% a 10%), Minas Gerais (de 3% a 10%), Rio Grande do Sul (de 6% a 9%), Rio de Janeiro (de 4% a 9%), São Paulo (de 6,7%, no mínimo). O Sinepe/PR (Sindicato das Escolas Particulares do Paraná) preferiu não projetar a alta.
O presidente do Sinep/RJ (Sindicato das Escolas Particulares do Rio de Janeiro), Víctor Notrica, afirma que a inadimplência será a principal vilã do aumento no Estado, que tem cerca de 3.000 colégios particulares. Notrica explica que os calotes fazem com que as escolas tenham que buscar dinheiro em banco, pagando juros muito maiores – o que se reflete no bolso do responsável.
Pela lei, a escola deve informar o pai do aluno que a mensalidade vai subir até 45 dias antes do início do ano letivo. Por exemplo, se as aulas começarem em 1º de fevereiro, o colégio tem que indicar o valor da anuidade – e das parcelas - até o dia 15 de dezembro deste ano. Os valores não podem ser alterados durante o ano.