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Adeli Sell, Vereador de Porto Alegre, presidente municipal do PT
   
     
 


07/01/2011

Adeli Sell, Vereador de Porto Alegre, presidente municipal do PT
"Não escondo de ninguém o meu desejo de um dia ser prefeito desta capital"
 

Aos 57 anos, Adeli Sell, atual presidente do PT municipal, já concretizou diversos objetivos de sua vida. Está no seu 4º mandato de vereador em Porto Alegre, cidade que escolheu para viver. Já dirigiu o partido que ajudou a fundar no início da década de 80 nas instâncias estadual e municipal. Escreveu e publicou livros. Casou, descasou e casou novamente. Plantou árvores, mas não teve filhos. - Por quê tê-los?, questiona-se, de forma irônica, sempre que indagado. Falta um grande desejo, segundo ele: estar no comando da prefeitura de Porto Alegre. Para isso, avisa: “estou trabalhando ferrenhamente”.

Filho de pequenos agricultores, Adeli conta que em 1973 pegou a única maleta da família e de carona veio a Porto Alegre. Adotou a capital dos gaúchos e por ela também foi adotado. Cursou Letras na UFRGS, foi professor de vários cursos de Inglês. Lecionou Literatura na Faculdade de Letras, em Osório, e foi livreiro por longos anos. Foi um dos fundadores do PT no Rio Grande do Sul e membro da Executiva Estadual por 15 anos. Em 1996, decidiu sair da esfera estadual para tentar uma vaga na Câmara Municipal. Foi eleito vereador, reelegendo-se em 2000, 2004 e 2008. Atualmente cumpre o seu quarto mandato. 
 
Em meio a este período, por 15 meses (2003/2004) foi titular da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) de Porto Alegre, onde desenvolveu uma metodologia de trabalho no combate à pirataria, ao contrabando e à falsificação. Nesta entrevista, a última da série com dirigentes e secretários do PT-POA, Adeli faz um balanço de sua gestão no ano de 2010 e projeta o futuro do partido para o biênio 2011/2012.

PT-POA – Como surgiu o PT na sua vida?
 
Adeli Sell - Sou um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Pertencia a um grupo político chamado Liberdade e Luta. Era uma tendência estudantil de raiz trotskista e que tinha uma série de questionamentos sobre a formação do PT – chegou a dizer, em alguns momentos, que o PT seria um partido tradicional, um pilar da ditadura -, uma grande besteira. Felizmente essa concepção durou pouco tempo e como todos os bons trotskistas, o grupo resolveu fazer entrismo dentro do PT. Participei desde o início da Direção do Partido. Por 15 anos integrei a Executiva Estadual do PT. Fui Secretário de Organização por 2 vezes, Secretário de Comunicação, Secretário de Assuntos Institucionais e Secretário-Geral do partido. Em 1996, decidi sair da Executiva para tentar a vida no legislativo. Me elegi na primeira tentativa de ser vereador em Porto Alegre, fazendo mais de 6 mil votos. De lá para cá concentrei minha atividade na cidade. Eu nunca havia sido dirigente do PT local e estar a frente do PT de Porto Alegre é um grande júbilo.

PT-POA – Qual a razão de sair da esfera estadual e optar por comandar o partido no município?
 
Adeli Sell – Meu foco já estava voltado para Porto Alegre, por ser vereador, por trabalhar as questões da cidade. Acho que a possibilidade legislativa de um vereador é muito superior a de um deputado estadual. Além disso tudo, me considero um profundo conhecedor dos problemas de Porto Alegre e visualizo um conjunto de soluções para a cidade, como demonstrei recentemente com o lançamento do meu livro “Porto Alegre, a modernidade suspensa”, onde traço um panorama de Porto Alegre: como é atualmente, como já foi, os seus conflitos e quais são as perspectivas para o futuro. Além do mais, não escondo de ninguém o meu desejo de um dia ser prefeito desta capital.

PT-POA – Você é natural de Santa Catarina e muito cedo decidiu vir para Porto Alegre. Como surgiu esse amor pela cidade? Foi difícil a adaptação?
 
Adeli Sell – O amor por Porto Alegre surgiu logo no início, quando cheguei aqui. Claro que sofri um choque cultural muito grande. Migrei na década de 70 de uma cidade muito pequena, rural, do interior de Santa Catarina para uma metrópole em crescimento. Vivenciei o grande boon da construção civil, me envolvi com os movimentos sociais da cidade e, em 1979, comandei a grande greve da construção civil, a maior greve da história dos trabalhadores do Rio Grande do Sul.

PT-POA – Você já está completando quase 16 anos no legislativo. Por outro lado, teve uma breve experiência no Executivo como secretário da Smic. Poderia-se dizer que sua praia é mesmo o legislativo?
 
Adeli Sell – Gosto muito do legislativo. Me encontro bem por aqui, sei navegar nos momentos de dificuldade, sei como entrar nesse mar revolto que é o legislativo, e também sei surfar nos bons momentos. Mas eu tenho uma paixão muito grande pelo Executivo. Nos meus curtos 15 meses no comando da Smic pude me dar conta de que sou um Executivo por vocação, também. Acho que não são incompatíveis as atividades legislativas e de executivo, mas eu gostaria de voltar, mais dia ou menos dia, para o Executivo municipal, pois ali você pode concretizar muitas coisas que apenas propomos aqui na Câmara como legisladores.

PT-POA – Esse seria um objetivo de curto, médio ou longo prazo?
 
Adeli Sell – Se as forças e a conjuntura política me ajudarem será de curto prazo. Eu não posso esconder isso do meu partido de que gostaria de ser o candidato à prefeito. Mas isso vai depender do partido. Respeito profundamente as instâncias partidárias. Respeitei decisões democraticamente tomadas pela sigla. Gostaria de ter sido, neste ano, o presidente da Câmara Municipal de Vereadores. Mas as injunções políticas no início desta legislatura colocaram a minha colega e amiga Sofia Cavedon como a presidenta. Aceitei. Articulei, inclusive, para que parassem as tentativas de puxada de tapete, como se diz, por que eu acho que as decisões partidárias devem ser respeitadas. 

PT-POA – Como você analisaria as suas chances, hoje, dentro do partido para concorrer a uma vaga ao Executivo?
 
Adeli Sell – Depende muito da conjuntura política e das relações com os outros partidos, por que nós estamos em uma aliança tanto em nível Federal como Estadual. Estamos com os partidos aqui que nós chamamos de Unidade Popular – PSB, PCdoB e PPL – e temos também relações históricas com o PRB, que está coligado conosco em nível nacional. Com esses partidos nós vamos dialogar preferencialmente no próximo período. Nós, evidentemente, temos relações históricas com o PDT, que compõe o governo do Estado conosco, mas não posso esquecer que o PDT, por injunções da renúncia do prefeito José Fogaça, do PMDB, acabou assumindo a prefeitura de Porto Alegre. Temos um profundo respeito pelo atual prefeito José Fortunati, mas achamos que a composição do seu governo destoa daquilo que nós queremos da Porto Alegre de hoje e do futuro: que é um governo mais dinâmico, mais ousado, um governo que supere a paralisia que a cidade vive hoje. Nós temos um grande problema na execução dos serviços, as secretarias parecem ser um governo a parte, os secretários não se entendem. Acho que o prefeito está fazendo um esforço muito grande, mas ele sozinho não será o salvador da pátria. Acho que ele pode ter problemas, caso venha a disputar a reeleição. Na minha avaliação, ou não soube, ou não teve as condições políticas para nesse ano de 2010, com o resultado eleitoral em nível estadual e federal, fazer as mudanças que nós acreditamos que ele deveria ter feito para poder compor conosco uma aliança nas próximas eleições. Eu começo a ver isso numa forma muito distante.

PT-POA - Há, também, outros partidos em disputa, como é o caso do PTB, não é?
 
Adeli Sell – Sim. Mesmo que eles estejam no atual governo municipal, o partido esta conosco em outras instâncias e isto facilita uma aliança. O futuro ainda está em aberto, mas nós estamos jogando pesado para que o PT se fortaleça e o meu objetivo, como presidente do PT, não é ter como pressuposto a minha candidatura ou a de qualquer outro companheiro, mas é o fortalecimento das instâncias partidárias. Por isso que eu tenho insistido tanto no empoderamento das zonais, das setoriais e dos núcleos de base. Queremos fazer filiações qualificadas, por isso estamos montando na sede do PT uma grande biblioteca, que será a menina dos olhos do Diretório Municipal nesta gestão. Nós queremos que as pessoas possam ter acesso à leitura. Temos uma grande dificuldade de debate hoje no PT, já fomos melhores neste particular. Estamos remodelando o site partidário, para que ele seja um veículo de fácil leitura diária e também de permanente atividade junto ao militante. Nós estamos criando as estruturas físicas da sede para que possamos fazer entre 6 e 7 reuniões concomitantes. Estamos finalizando o nosso pequeno centro de eventos nos fundos da sede para fazer atividades culturais e de arrecadação de fundos. 

PT-POA – Como foi assumir a presidência do PT em Porto Alegre? Em quais condições você encontrou a sede e a estrutura do partido na cidade?
 
Adeli Sell – Nós assumimos a sede municipal e o Diretório com grandes dificuldades financeiras. Perdemos as eleições de 2004 e 2008. Dessas derrotas eleitorais, permaneceu uma dívida astronômica. No entanto, ela esta sob controle, está sendo gerenciada e paulatinamente estamos cumprindo com os nossos compromissos. Hoje, estamos dando uma nova cara para a sede municipal, fazendo as reformas necessárias, colocando-a em condições de receber nossos filiados. Por isso a remodelação da nossa loja, a criação do cyber café, a biblioteca e o centro de eventos.

PT-POA – Essas mudanças podem, de alguma maneira, ser reflexo desse aumento de filiações partidárias?
 
Adeli Sell – Não tenho dúvidas de que a procura se dá por várias razões. Uma delas diz respeito ao fator visibilidade, dada a vitória em nível estadual e federal. Outra corresponde, sim, às mudanças estruturais e físicas do nosso espaço.

PT-POA – Como você avalia o papel do Diretório Municipal nas campanhas vitoriosas de Dilma, Paim e Tarso?
 
Adeli Sell – Acho que a militância teve um papel fundamental nessa eleição. A campanha do Paim, da qual tive o privilégio de ser o coordenador geral, só foi vitoriosa por que a militância atendeu o nosso apelo de que a campanha poderia correr riscos e nós poderíamos perder esse posto no Senado da República. A mesma coisa ocorreu nas vitórias do Tarso e da Dilma. Foi uma luta pesada, porque nós vínhamos de derrotas, mas dessa vez fomos vitoriosos em todos os sentidos: elegemos a Dilma, o Tarso e o Paim e um número significativo de deputados estaduais e federais.

PT-POA – Pode-se afirmar que o clima nas ruas foi completamente diferente em 2010?
 
Adeli Sell Indiscutivelmente. A recepção em 2004, 2006 e 2008 foi muito diferente. Nós passamos pela famosa crise de 2005/2006. Muito por que a imprensa no país ajudou a criar certos estereótipos. Eu nunca acreditei que no meu partido pudesse ter alguém que pudesse fazer o usufruto ou ter benesses pessoais. Acho que houve equívocos de caixa 2, que sempre reconheci e que só irá mudar no país quando tivermos uma reforma política eleitoral.

PT-POA – Sua avaliação do ano de 2010 é positiva?
 
Adeli Sell – Tremendamente positiva. Houve um avanço não apenas eleitoral, mas também organizativo, com o surgimento de núcleos de base e uma militância mais proativa. Quero aproveitar para fazer um apelo a militância para que colabore financeiramente com o partido para que possamos construir as estruturas para as eleições de 2012. Nós abrimos no Diretório não apenas as comemorações dos 31 anos do PT, mas uma agenda 2011/12 pautada fundamentalmente na organização partidária.

PT-POA – Quais são as atividades planejadas para 2011?
 
Adeli Sell – Além de fazer neste próximo período a inauguração da biblioteca e do nosso centro de eventos, assim como fizemos recentemente com a exposição “Retratos de Campanha”, queremos fazer muitos debates políticos, sobre a cidade, a governança. Nós ainda temos muitos conflitos, como, por exemplo, sobre a fundação da saúde, por falta de um debate político mais aprofundado. Eu tenho muito respeito por quem pensa diferente do que eu, mas tenho a obrigação de colocar e expressar minhas opiniões como presidente do partido e expressar a necessidade de fazer esses debates de uma forma mais aprofundada.

PT-POA – Você avalia os integrantes do Diretório como um grupo coeso, que trabalha pelos mesmos objetivos?
 
Adeli Sell – Nós temos hoje uma grande coesão, muito maior do que em outros momentos. Havia muito mais disputa interna, fissuras. Praticamente não tivemos divergências neste ano. Estamos construindo acordos, teses comuns, mas volto a ressaltar: ainda precisamos de maior debate, maior elaboração política e contribuição dos próprios militantes.

PT-POA – Quando você se queixa da falta de debate, a quem especificamente se refere? Aos dirigentes, militantes, ou sociedade?
 
Adeli Sell – Falta um debate mais aprofundado entre os militantes sobre temas que nós temos que buscar um denominador comum, mas também falta um debate aberto para a sociedade. Nós temos a capacidade de fazer grandes seminários. Por isso, estamos pensando em criar a escola de formação política do PT, para formar internamente e propiciar discussões externas. 

PT-POA – Paralelo a esse trabalho na direção partidária, você tem mandato na Câmara. O que planeja para o ano de 2011?
 
Adeli Sell – Tenho como perspectiva aprofundar a minha intervenção com os temas universais da cidade. Falo da mobilidade urbana, da estética da cidade e da sustentabilidade ambiental e cultural. Quero também adentrar na economia solidária, voltando meu olhar para as pessoas excluídas socialmente, assim como na proteção aos animais.

PT-POA – Você já publicou vários livros. O mais recente, “Porto Alegre, a modernidade suspensa”, lançado no ano passado, abordou a temática da cidade. Tem algo em vista para o ano que vem?
 
Adeli Sell – Meu projeto é escrever um livro sobre o PT. Será um livro de reflexões sobre a história cotidiana do partido. Quero contar como era ser um dirigente partidário no passado, quando o partido não tinha dinheiro. Só viajávamos de ônibus. Tempos difíceis que hoje muitos militantes desconhecem. Será um livro contra a presunção, contra o salto alto. Será um livro a favor da humildade e da generosidade dos militantes anônimos que construíram a história do Partido dos Trabalhadores.

PT-POA – Governo Tarso. O que você espera?
 
Adeli Sell – A expectativa é muito grande, por que Tarso é um grande elaborador político. Tem um grande conhecimento das coisas do Estado e de Estado. Portanto poderá fazer um grande mandato. Vou colaborar no que for possível como dirigente partidário do principal Diretório Municipal do PT no Estado. Quero estar junto com o governo na defesa dos seus principais projetos. 

PT-POA – E quanto à formação desse governo de coalizão. Você acredita que será possível seguir o que foi prometido no programa de governo?
 
Adeli Sell – Só tem uma alternativa nos dias de hoje: governos mais amplos que os próprios partidos. Governos de frente, de coalizão, que tem uma aliança ampla. Temos que aprender com o Lula, que abriu os caminhos para um novo modo de governar.

PT-POA – Dilma na presidência. As pesquisas já estão mostrando que a expectativa dos brasileiros é de que ela faça um governo tão bom quanto o de Lula. Você acredita que isto será possível?
 
Adeli Sell – Eu estou dentro desta porcentagem. Dilma tem todas as condições, inclusive, de superar, pois irá governar um país em outras condições. Ela é uma grande gestora pública. Gostei muito da formação do ministério da Dilma.

Fonte: Asscom PT-POA
Autor: Tatiana Feldens
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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