Falta de educação. Quem trabalha em supermecado tem reclamado dos prejuízos causados pelos clientes mal educados.

Um trabalho sem fim. Os funcionários que repõem as mercadorias nos supermercados têm uma tarefa a mais: retirar os produtos estragados pelos consumidores e as sobras dos alimentos que eles não conseguiram devorar totalmente. Ao longo dos corredores, o cardápio é variado: chocolate, iogurte, tudo comido escondidinho.

“São degustações que na verdade a gente não vê”, explica a assistente de prevenção de perdas Isabela Rodrigues.

Nem sempre as câmeras conseguem filmar os comilões, mas o prejuízo em uma das lojas chega a R$ 2 mil por mês. Dinheiro que poderia ter outra finalidade.

“Em função deste tipo de comportamento, que é uma coisa cultural é uma coisa de educação mesmo, do público, a gente deixa de contar com mais dois profissionais. Muitos consumidores não se contentam em escolher os alimentos da forma correta”, diz o gerente de supermercado Bruno Paz.

O alvo não são apenas as uvas. “Morango, ameixa. É assim: eles pegam e passam muito tempo no setor”, afirma o repositor de supermercado Devison Ferreira da Silva.

Comem sem pressa e sem lavar. Nem ligam para os riscos de ingerir alimentos sujos. “Ela pode adoecer, problema de infecção alimentar, bactéria ou até algum parasito que esteja alojado naquele produto”, alerta o gerente da Vigilância Sanitária do Recife Luiz Paulo Brandão.

Por todos os setores encontramos embalagens rasgadas, produtos que não servem mais para a venda. E não importa se tem fralda exposta no mostruário.

“Mesmo assim a gente percebe que o consumidor não se contenta com uma fralda aberta no mostruário e abre as embalagens. Até sem a necessidade de abrir a embalagem”, diz o gerente de supermercado Ednaldo Costa.

Uma rede, com 20 lojas perde 10 toneladas de produtos por mês com pequenas avarias: pacotes abertos, latas amassadas, embalagens perfuradas, produtos consumidos. E está criando uma cartilha para conscientizar o consumidor.

“É muito importante lembrar que todos os produtos que são estragados pelo próprio consumidor, ele acaba dando um prejuízo maior não só para a empresa, mas para o meio ambiente e as próprias pessoas acabam pagando isso no preço”, conta a consultora Roseane Caminha.