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"O consumidor final será beneficiado", afirma Abilio Diniz
   
     
 


03/07/2011

"O consumidor final será beneficiado", afirma Abilio Diniz
Empresário rejeita a tese de que fusão do Pão de Açúcar e do Carrefour elevaria os preços. Entre os especialistas, há dúvidas.

A proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour envolve um número de problemas suficiente para montar um curso de economia: é papel do governo incentivar esse tipo de operação? Como as empresas brasileiras devem enfrentar a globalização? O Brasil precisa agir para não perder empregos para outros países? Uma questão, porém, tem poder para incomodar o cidadão-contribuinte-consumidor de maneira muito mais direta do que todas as outras: a união dessas duas empresas aumentaria os preços dos produtos nos supermercados?

Abilio Diniz afirma que, na média dos preços e no longo prazo, o consumidor se beneficiaria. “O consumidor final será amplamente beneficiado por todas as sinergias inerentes a uma operação dessa natureza, tendo acesso a uma maior variedade e melhor qualidade de produtos e serviços, a preços mais competitivos", afirmou ele em mensagem enviada a ÉPOCA. Por “sinergia” o empresário quer dizer todos os cortes de custo e ganhos de escala possíveis numa união entre duas companhias. No caso de Pão de Açúcar e Carrefour, essa economia corresponderia a algo entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,8 bilhão por ano – um valor que seria dividido, certamente, entre os acionistas (na forma de mais lucro e dividendos) e executivos (na forma de mais salários e bônus) das companhias no Brasil e na França. Talvez parte da economia chegasse também ao consumidor – o argumento é usado por todas as companhias que pretendem se unir a concorrentes. Mas a “sinergia” não seria o pricipal fator a afetar o bolso de quem vai ao supermercado encher o carrinho.

   Reprodução

* Incluindo outros tipos de estabelecimento que não supermercados, "atacadões" e hipermercados, o Carrefour tem 654 pontos de venda no país
Fonte: Abras

Quanto mais empresas disputam um mercado, mais elas tendem a se esforçar para atrair a preferência do consumidor. As estratégias para vencer a concorrência consistem, principalmente, em oferecer preços relativamente menores por produtos e serviços relativamente melhores, com o máximo possível de conveniência para o consumidor. O cliente tende a se beneficiar da maior possibilidade de escolha. “Num regime de competição perfeita, existiriam muitos vendedores para a oferta de determinado bem ou serviço, e cada um deles, individualmente, não seria capaz de afetar o preço do mercado”, diz o advogado João Grandino Rodas, reitor da USP e ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Numa disputa assim, ganha quem for mais eficiente, inovador e conseguir cativar o consumidor. A fusão de Pão de Açúcar e Carrefour aproximaria ou distanciaria o segmento de supermercados dessa situação ideal?

Esse é o questionamento que especialistas têm feito ao analisar a operação, cujos termos foram anunciados na terça-feira 28/6. Na operação, o Novo Pão de Açúcar, como seria chamado, passaria a ter 27% do mercado de varejo no Brasil e 30% de todos os supermercados. Isso significa que o consumidor, em geral, teria menos opções de escolha, já que as 1.646 lojas do grupo Pão de Açúcar e as 654 do Carrefour passariam a fazer parte de uma única rede, mesmo que com marcas distintas. Os executivos envolvidos acreditam que a distribuição das lojas Carrefour e Pão de Açúcar seja complementar (ou seja, não coincidente) em grande parte do Brasil – o Carrefour estaria mais presente no Sul e Nordeste e o Pão de Açúcar, no Sudeste.

Para Gesner Oliveira, outro ex-presidente do Cade, não importa que no Brasil, na média, a concentração seja de 27%. Ele considera necessário analisar a concentração de supermercados em cada estado ou região metropolitana. “O que importa é o bem-estar do consumidor. Se ele perder opções, a operação será considerada concentração”, diz. Em um cálculo apresentado pelo banco de investimentos BTG Pactual (que entraria como sócio no Novo Pão de Açúcar) e pela consultoria Estáter (que assessora Abilio Diniz), a concentração em grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, pode superar o que seria aceito pelas autoridades de defesa da concorrência. Nesses lugares, Pão de Açúcar e Carrefour já adiantaram a possibilidade de vender ou mudar o perfil de 5% a 7% das lojas. “O que deve ser combatido é o abuso da posição dominante, que acontece sempre que uma empresa utiliza-se de sua posição privilegiada para prejudicar os consumidores, com a oferta de produtos defasados e com preços muito acima do custo marginal, e os outros concorrentes, com práticas anticoncorrenciais que visam eliminá-los do mercado”, afirma Rodas.

A regra de concentração de mercado não é a mesma válida para todos os países. Nos Estados Unidos, o Wal-Mart tem 32% do mercado, uma fatia enorme, mas tornou-se mundialmente conhecido como empresa barateira. Lá ocorre o que já foi registrado no Brasil, em determinados períodos: quando os varejistas percebem que o consumidor não vai aceitar pagar preços maiores, por exemplo, por causa de uma onda de desemprego ou pessimismo econômico (não é essa a situação do brasileiro no momento) e têm poder suficiente, tendem a pressionar fornecedores e funcionários para reduzir os custos ao máximo. Isso pode gerar um benefício temporário importante para os clientes, na forma de contenção de preços. No Brasil, o grupo Pão de Açúcar detém fatia relevante do mercado, de 24%. Mas sua principal marca se tornou conhecida como um supermercado caro e para a elite.

Fonte: Revista Época
Autor: Keila Cândido e Marcos Coronato
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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