Há síndicos de prédios em São Paulo que estão cortando a luz e diminuindo o abastecimento de água dos moradores que não pagam condomínio. O Jornal Hoje também flagrou cenas de desrespeito por parte de vizinhos.
Há restos de comida no parapeito, caixa de leite na grade e água jogada pela janela.
Em um dos prédios, a moradora foi para a garagem. A chave, que estava na mão, passou pertinho do carro. Ela parou e voltou para o lugar de partida. No mesmo dia, o dono encontrou um risco que ia do paralama à maçaneta do veículo. Era o mesmo caminho feito pela mulher. A moradora já pagou várias multas por problemas semelhantes.
A dona do carro registrou Boletim de Ocorrência e reclamou no prédio. O marido da moça que riscou o carro se comprometeu a pagar o prejuízo.
“A pessoa paga multas. O prédio é monitorado. A moradora sabe da existência de câmeras no prédio e tem esse tipo de atitude”, diz a secretária executiva, Laura Petinati.
Muitos moradores de outro prédio não pagam condomínio. A taxa de inadimplência chegou a mais de 35%, um índice muito acima do aceitável, de até 5%.
Para combater a inadimplência, o condomínio adotou uma postura rigorosa. Quem atrasa o pagamento por 60 dias pode ter que enfrentar um racionamento de água.
O relógio é individual, mas a conta não. O consumo é rateado entre todos os moradores. Uma empresa foi contratada para calcular quanto cada um gasta e fechar o registro dos devedores. O fornecimento não chega a ser cortado, mas a quantidade de água diminui bastante.
“A pessoa consegue cozinha e utilizar em outras finalidades. Ela vai conseguir um banho literalmente de gato”, explica a subsíndica, Juliana Martins.
A advogada especialista em condomínios Lidiane Genske Baia diz que muitas vezes as atitudes tomadas contra inadimplentes não são corretas. “Não pode cortar totalmente a água porque a jurisprudência entende que a água é um bem essencial à vida”, esclarece.
É correto proibir de usar área de lazer e piscina? “Faz parte do direito de propriedade da pessoa. Apesar de ser inadimplente, ele ainda tem os direitos de proprietário”, diz a advogada.
Fica parecendo que não há punição, mas em muitos casos os devedores podem até perder o imóvel.
A síndica Doralice Gouveia Lopes reduziu a lista de quem não paga de 40 para dez. De porta em porta, ela negocia. “A partir do momento que passa para o jurídico, são 20% de cobrança. São as cotas e mais 20%. Então, eu mesma negocio”, diz.
Alguns estados permitem que o condomínio mande o nome do devedor para serviços de proteção ao crédito. Quem está devendo tem de procurar fazer um acordo rapidamente. Além de resolver a situação, a postura acaba com o constrangimento de cobranças.