No trabalho feito por pesquisadores do Hospital Schillerhoehe, a taxa de acerto dos cães foi de 71 por cento, sugerindo que uma técnica similar poderá ser usada no futuro na detecção precoce da doença.
– No hálito dos pacientes com câncer de pulmão há provavelmente diferentes substâncias químicas em relação a amostras do hálito normal, e o apurado olfato dos cães é capaz de detectar essa diferença em um estágio inicial da doença –, disse Thorsten Walles, que coordenou o estudo publicado no European Respiratory Journal.
O câncer de pulmão, geralmente ligado ao tabagismo, é a segunda forma de câncer mais comum em homens e mulheres na Europa, e causa mais de 340 mil mortes por ano. É também a mais comum causa de morte por câncer no mundo todo.
A doença é notoriamente difícil de detectar em seus estágios iniciais, e os cientistas vêm trabalhando em exames de hálito para possíveis programas de diagnósticos no futuro. O método do farejamento depende da identificação dos chamados compostos orgânicos voláteis (COV), vinculados à presença do câncer.
Os pesquisadores explicaram que muitas técnicas diferentes de análise do hálito já foram tentadas, mas que é difícil desenvolvê-las para o uso clínico, porque os pacientes não podem fumar nem comer antes do exame, a análise das amostras pode demorar muito, e há um elevado risco de interferência. Por isso, nunca foram identificados COVs específicos do câncer de pulmão.
No estudo alemão, os pesquisadores trabalharam com cães especialmente treinados e 220 voluntários, inclusive alguns pacientes de câncer de pulmão, alguns pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e alguns voluntários sem problemas pulmonares.
Os cães identificaram 71 amostras com câncer de pulmão, de um total de 100, e 372 amostras sem a doença, num total de 400. A presença da DPOC ou do tabagismo não interferia no resultado.
Walles disse que o resultado confirma a existência de um “marcador” confiável e estável no hálito de quem tem câncer de pulmão, mas que ainda há muito trabalho pela frente até identificá-lo.
– Este é um grande passo à frente, mas ainda precisamos identificar com precisão os compostos observados no hálito exalado pelos pacientes. É lamentável que os cães não possam comunicar a bioquímica do cheiro do câncer.