Ainda hoje, o Procon Estadual do Ministério Público deve liberar para a venda os carros da Fiat produzidos após 18 de setembro de 2008, ocasião em que o pátio da montadora foi atingido por uma chuva de granizo, que danificou cerca de 3 mil veículos. Até ontem, todas as unidades produzidas no ano passado, na fábrica de Betim, estavam embargadas para venda em uma medida cautelar iniciada pelo Ministério Público depois que consumidores compraram em concessionárias carros avariados como zero. Desde o início da ação, há 10 dias, reclamações de outros 12 consumidores foram incluídas no processo inicial, somando agora 13 queixas envolvendo carros danificados.

Segundo o promotor Amauri Artimos da Matta, coordenador da área de produtos do Procon e responsável pelo processo, além da concessionária Sinal, outras duas lojas, Roma Veículos e Scuderia/Betim, foram citadas no processo. Nos últimos 10 dias, dois consumidores já conseguiram ter o carro avariado trocado por um veículo zero na revenda Sinal. “As novas reclamações serão incluídas no processo, mas o teor de todas elas ainda não foi avaliado. Só depois dessa etapa, as concessionárias serão notificadas”, ressalta o promotor.

Hoje, vence o prazo de 10 dias concedido à Fiat para apresentação de sua defesa, o que inclui apresentação da nota fiscal dos veículos atingidos pela tempestade e emplacados como usados. A assessoria da montadora informou que a empresa está reunindo a documentação a fim de atender a solicitação do Procon. Ontem, a Fiat encaminhou ao Ministério Público documentos pedindo a liberação dos veículos produzidos após a chuva, o que seria um alívio para algumas revendas que, desde o início do processo, estão impedidas de vender o produto. Rafael Sartori, diretor-comercial da Tecar diz que ainda tem em seu estoque, veículos produzidos em dezembro de 2008. “Apesar desses carros não terem nenhuma relação com a chuva, estamos seguindo a orientação da Fiat. As vendas estão suspensas”, pondera.

A reclamação do empresário Vitor Hugo Miranda foi uma das últimas a chegar ao Procon. Ele conta que em novembro do ano passado comprou um Siena no valor de R$ 27,5 mil. “Minha insatisfação começou quando a concessionária se recusou a me fornecer a nota-fiscal, alegando que eu havia financiado metade do valor do veículo.” De acordo com o consumidor, além da ausência da nota, o carro apresentou defeitos na trava elétrica, um amassado leve no pára-choque e na pintura. “Já voltei três vezes à concessionária, mas até agora o problema não foi resolvido”, pondera.

Paralelamente aos veículos que foram atingidos no pátio da montadora em Betim, o Ministério Público trabalha também com a hipótese de os carros terem sido atingidos também no pátio das concessionárias, o que amplia o campo da investigação.

Ao fim do processo administrativo, que tem por objetivo apurar as responsabilidades no golpe ao consumidor, os indiciados podem responder por crime de estelionato e indução ao erro. O promotor Amauri da Matta explica que todas as informações serão encaminhadas à Justiça. A reportagem do Estado de Minas, procurou pelas concessionárias Roma e Scuderia/Betim, mas não obteve retorno.