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A cruzada do dinheiro barato
   
     
 


14/04/2012

A cruzada do dinheiro barato
O governo promove uma ofensiva para derrubar as taxas de juros por meio da competição e estimular o crescimento da economia

A cruzada do governo para reativar o crescimento econômico, neste ano, tem um inimigo certo: as altíssimas taxas de juros do crédito no Brasil. Na guerra declarada pela presidenta Dilma Rousseff, a primeira batalha foi vencida na noite de quinta-feira 12. Depois de um embate com o setor financeiro, que culminou com as duras declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na manhã do mesmo dia, durante entrevista coletiva em Brasília, contra a resistência dos bancos privados em reduzir os spreads praticados, o HSBC foi o primeiro a seguir os estatais Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banrisul e anunciar cortes de taxas no cheque especial, financiamento de veículos, crédito pessoal e empréstimo consignado.

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(esq. para dir) Jorge Hereda, da CEF: "Bancos disputarão mais os clientes";
Alexandre Tombini, do BC: Reduzir spreads é prioridade de sua gestão.;
Dilma Rousseff: "Taxa de juros brasileira é insustentável e de difícil explicação";
Ademir Bendine, do BB: “Modelo de financiamento do crédito precisa ser revisto”;
Guido Mantega: “Bancos querem jogar a conta nas costas do governo”; 
 
A subsidiária do banco britânico reduziu as taxas mínimas nesses produtos a níveis próximos operados pelos bancos públicos. O primeiro lance da ofensiva contra os juros escorchantes, cuja envergadura e firmeza são inéditas na história recente do País, veio na quarta-feira 4, quando o BB anunciou o programa Bom Para Todos, reduzindo em até 45% as taxas nas linhas voltadas ao consumo, como crédito direto ao consumidor e rotativo do cartão de cartão de crédito. “Os bancos precisam se reinventar”, disse à DINHEIRO o vice-presidente de Atacado, Negócios Internacionais e Private Bank do BB, Paulo Rogério Caffarelli, reforçando o discurso da trincheira governista. “Devem aprender a trabalhar com taxas e spreads menores e criar novos produtos.” 
 
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Dias depois, foi a vez da Caixa anunciar movimento semelhante. Os juros de linhas de capital de giro para empresas, por exemplo, caíram para um terço do valor original. “Foi uma decisão pensada, para aumentar a participação do banco no mercado”, disse o presidente da Caixa, Jorge Hereda (veja entrevista ao final da reportagem). A expectativa do governo era de que os bancos privados seguissem espontaneamente o movimento estatal, temendo perder participação de mercado. Mas isso não ocorreu. Insatisfeita, a presidenta colocou representantes dos bancos frente a frente com o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa. 
 
Numa reunião na terça-feira 10, no Ministério, na capital federal, técnicos dos dez maiores bancos do País, acompanhados dos presidentes da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, e da Associação Brasileira dos Bancos Comerciais (ABBC), Renato Oliva, apresentaram uma lista de 24 reivindicações que permitiriam dar início a uma trajetória de queda mais significativa das taxas de juros. Os bancos pediram desde a redução de compulsórios e impostos sobre crédito, até aumento das garantias nos empréstimos (veja quadro "Lista de pedidos"). Portugal saiu da reunião afirmando que 70% do spread bancário, a diferença entre o custo da captação e a remuneração dos empréstimos feitos pelos bancos, representam custos. 
 
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Portugal, da Febraban: "Só 30% do spread corresponde a lucro".
 
“Os bancos têm interesse em reduzi-los”, afirmou Portugal, que arrematou com uma declaração memorável: “Na verdade, apenas uma pequena parte, em torno de 30%, representa a margem de lucro.” Dito isso, o presidente da Febraban afirmou que a bola agora estava com o governo. O governo não gostou nem um pouco do que considerou uma provocação. Escalado pela presidenta, Mantega tratou de dar um recado contundente para o setor financeiro, na quinta-feira 12. “Os bancos querem jogar a conta nas costas do governo”, disse. Mas as instituições privadas, lembrou ele, têm margem de lucro suficiente para cortar os juros. “Os bancos estão retendo crédito. O Murilo Portugal, em vez de trazer soluções anunciando aumento de crédito, veio aqui para fazer cobranças.”
 
Irritado, Mantega lembrou que os bancos pagam no máximo 9,75% para captar recursos – exatamente o valor da taxa Selic. “Mas estão emprestando a 30%, 50%, 80% ao ano, dependendo das linhas de crédito”, disse o ministro, reforçando que o País tem um dos maiores spreads de crédito do mundo. Segundo dados do Banco Mundial, de uma lista de 150 países, o spread dos empréstimos no Brasil, de 31% em 2010, só é menor que o vigente no Congo e em Madagáscar. A comparação é vergonhosa não apenas com países desenvolvidos (na Suíça o spread é de 2,7%). Na Argentina, o spread bancário é de 1,4% e, no Chile, de 3%. A estratégia do governo para golpear definitivamente o modelo de juros siderais praticado durante décadas no País é colocar a concorrência bancária em novo patamar reduzindo as taxas cobradas pelos maiores bancos públicos do País. 
 
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“Vamos colaborar nesse processo”, diz o presidente do Banco do Brasil, Ademir Bendine. “O modelo de financiamento de crédito do País precisa ser revisto.” O BB pretende ganhar participação de mercado, a exemplo do que fez na crise de 2008, quando supriu a lacuna deixada pelos bancos privados. Hoje 42,3% do total de crédito no País é concedido por instituições públicas. A ideia é usar o limite de crédito adicional de R$ 16,3 bilhões a pessoas físicas para evitar a saída de clientes que hoje recebem salário pelo BB e que a partir deste ano têm liberdade para escolher seu domicílio bancário. Dos 44 milhões de trabalhadores brasileiros que recebem seus salários por meio de conta bancária, 13 milhões o fazem pelo Banco do Brasil. 
 
O BB não está preocupado com os índices de inadimplência, que diz serem inferiores às médias de mercado. No ano passado, os pagamentos em atraso de mais de 90 dias no banco estatal representavam 2,1% da carteira, abaixo da média de 3,6% no mercado. O vice-presidente Caffarelli vê uma nova tendência entre os consumidores de menor renda, que entraram no mercado nos últimos anos. “No início eles eram mais preocupados com o valor da prestação”, afirma. “Mas agora já fazem planejamento financeiro.” Também faz parte do arsenal do governo atender melhor às empresas, com a redução drástica dos custos de empréstimos concedidos pelo BNDES.

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Lazari, do Bradesco: "Grande parcela das famílias ainda não tem dívidas, o que mostra
potencial de avanço do crédito"
 
Além de reduzir os juros nas suas linhas tradicionais de financiamento de investimentos, o banco recebeu mais recursos e ampliou o acesso a linhas de capital de giro, concorrendo diretamente com os produtos oferecidos pelos bancos privados. Segundo o superintendente de planejamento do BNDES, Cláudio Leal, a oferta dessas linhas será a contribuição do banco de desenvolvimento para a ofensiva pela redução de spreads bancários. “Tivemos grande sucesso com o capital de giro durante a crise de 2008, quando os bancos também se retraíram nos empréstimos”, afirma Leal. O BNDES terá R$ 15 bilhões para capital de giro e, a partir de agora, o acesso a essas linhas, antes limitado a empresas de médio e pequeno portes, será estendido a companhias maiores. 
 
Até o anúncio feito pelo HSBC, o sexto maior do País, os bancos vinham reagindo com frieza ao movimento dos estatais, a despeito do espectro da perda de posições no mercado caso se mantenham alheios ao movimento de baixa de juros. Uma das razões para essa postura, de acordo com o diretor de um grande banco nacional, era o temor de que suas ações fossem penalizadas na bolsa como ocorreu com o BB, cujos papéis caíram quase 6% no dia do anúncio do corte de taxas. Executivos ouvidos pela DINHEIRO afirmavam que, ainda que perdessem mercado para o BB e CEF, não podem se dar ao luxo de ter prejuízo com crédito. “Não podemos ser socorridos pelo Tesouro como os bancos estatais”, afirmou um deles. Outro executivo lembrava que reduzir a taxa daria um “péssimo sinal” aos clientes, de que o banco não cobra juros menores porque não quer. 
 
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O mais provável, segundo o mesmo executivo, é que poucos bancos venham a seguir o exemplo do HSBC, que anunciou publicamente sua adesão ao corte de juros. Em vez disso, a tendência seria reduzir as taxas, discretamente, para não perder os melhores clientes, sem grande alarde. Apesar do argumento dos bancos privados de que juro menor pode resultar em prejuízo, está claro que há gordura a ser queimada. Os bancos listados em bolsa tiveram uma média de rentabilidade de 14% no ano passado, segundo a consultoria Economática. É quase o dobro da média de 7,63% dos bancos americanos. Para o analista da Austin Asis, Miguel Santacreu, o modelo do setor financeiro no Brasil está baseado num baixo volume de crédito com margens altas.

Por isso, o crédito só agora está chegando a 50% do PIB. É o dobro do registrado há uma década, porém, longe do nível de outros países. Na Alemanha, é de 108% e nos Estados Unidos, 202%. “Para atingir uma participação maior, os bancos teriam de adotar um modelo semelhante ao de seus pares em países desenvolvidos, que ganham com o volume e não com a margem de cada operação”, diz Santacreu. Embora os bancos tenham altos lucros – totalizaram, no ano passado, R$ 76,6 bilhões, dos quais 65% ficaram com os 25 maiores – a rentabilidade sobre o patrimônio já foi bem maior no passado. Em 2007, chegou a 20,30%, contra 12,6% em 2011 (veja quadro "Lucros dos bancos continuam altos"). A diferença em relação ao setor produtivo também diminuiu. 
 
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Batista, da máquina de vendas: "Ainda há uma enorme demanda reprimida"
 
No ano passado, por exemplo, a Ambev teve lucro de 34,6% sobre seu patrimônio e a Vale, 29,6%. São resultados melhores, por exemplo, que os do Itaú Unibanco, de 22,3%, Bradesco, de 21,3%, ou Santander, de 10,2%. No entanto, não é apenas no lucro dos bancos que há gordura para cortar. Algumas medidas tributárias muito simples teriam impacto direto na taxa de juros do crédito, mas são evitadas pelo governo por razões arrecadatórias. O melhor exemplo é o IOF cobrado em linhas de crédito para pessoa física, que foi elevado de 1,5% para 2,5% no início do ano passado, quando o Banco Central tentava conter a forte expansão dos empréstimos. O presidente do BC, Alexandre Tombini, já reverteu a maior parte das chamadas medidas macroprudenciais, mas a alíquota de IOF não voltou aos patamares anteriores. 
 
Embora sejam menos relevantes, os impostos têm um peso significativo na composição do spread bancário. Os tributos representam 22% do spread, a inadimplência, 29% e os lucros, 32,7%. De qualquer maneira, o fato é que os juros do crédito ao consumidor e às empresas não têm acompanhado o recuo das taxas básicas nos últimos meses. Desde agosto, a taxa Selic já caiu 2,75 pontos percentuais, mas o consumidor não foi beneficiado. Ao contrário, algumas taxas até subiram, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). Em março, a entidade registrou alta nos juros de cheque especial e empréstimo pessoal. A alta da inadimplência é a justificativa apresentada pelos bancos para apertar os critérios de concessão de crédito nos últimos meses. 
 
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Em fevereiro, a taxa já alcançava 7,6% entre as pessoas físicas, segundo o BC. Enquanto o governo e o setor bancário discutem qual é o tamanho da responsabilidade de cada um, o varejo e a indústria, que dependem do crédito para expandir suas vendas, sofrem as consequências. Alain Rickeboar, presidente da rede francesa Leroy Merlin, líder no varejo de materiais de construção brasileiro, reclama que os juros altos anulam o efeito positivo do ganho de renda e do emprego em alta no País. A rede de material de construção tem um cartão próprio, em parceria com a Itaucard, pelo qual consegue oferecer prazos mais longos de pagamento para seus clientes – dez parcelas, em vez de seis dos cartões de crédito tradicionais. 
 
“Mas o percentual de aprovação de propostas de financiamentos caiu de 45% para 20% nos últimos meses”, diz Rickeboar. “Essa restrição não faz o menor sentido, já que 85% dos meus clientes são das classes A e B.” O presidente da Leroy observa ainda que, mesmo com a rota descendente da taxa Selic desde o ano passado, não houve melhora das condições de financiamento nem para o consumidor nem para a própria rede, quando procura dinheiro nos bancos para capital de giro. “Hoje, o custo de financiamento absorve 5% da nossa rentabilidade, o que é uma anomalia”, afirma. Para ele, a queda de juros nos bancos públicos só será uma boa notícia se os demais bancos também baixarem suas taxas. “Vai haver um momento em que esta conta não vai fechar e o brasileiro vai parar de consumir.” 
 
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Jorge Gonçalves Filho, diretor-geral de outra rede varejista de material de construção, a C&C, também considera inócuas as recentes reduções da Selic porque não houve benefício para o consumidor. “Nós precisamos de três coisas para vender: emprego, renda e crédito”, diz Gonçalves Filho. “Os dois primeiros nós já temos, só falta melhorar as condições para financiar o cliente.” Outro setor duramente afetado pela mudança de humor dos bancos foi a indústria automobilística. O presidente da General Motors na América do Sul, Jaime Ardila, diz que a forte retração dos bancos nos últimos meses já está afetando a venda na rede de concessionárias. “O crédito com prazo de cinco anos sem entrada, que é a chave no nosso negócio, praticamente desapareceu”, diz Ardila. 
 
Para tentar suprir parte da lacuna, algumas montadoras, como a GM, estão valendo-se de seus bancos próprios para financiar os clientes. O banco GM, por exemplo, aumentou em mais de dez pontos percentuais sua participação no mercado de crédito. Ardila diz que juros mais altos só estimulam a elevação da inadimplência. “Uma redução expressiva dos spreads permitiria o acesso ao crédito a um número maior de pessoas e contribuiria para reduzir o endividamento”, diz. Se a cruzada do governo for vitoriosa, o cenário para os próximos anos é promissor. Com juros civilizados, o potencial do consumo brasileiro seria multiplicado. “Se os juros caíssem pela metade e o nível de aprovações aumentasse, o mercado de carros cresceria 30% no primeiro ano”, projeta o presidente da GM. 
 
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Rickeboar, da Leroy Merlin: "Restrição ao crédito dos bancos não faz sentido"
 
Taxas menores incorporariam a classe D ao mercado de consumo de bens duráveis, um fenômeno semelhante ao que ocorreu com a classe C. Gente que hoje só consegue comprar geladeira e tevê teria acesso a carros novos. “Não seria exagero falar numa nova revolução no consumo”, afirma Ardila. Juros mais baixos também empurrariam para cima o limite de endividamento. Em dezembro do ano passado, o comprometimento de renda das famílias brasileiras chegava a 22,7% para amortizar empréstimos, segundo um levantamento do banco Credit Suisse. Trata-se de um número preocupante. “Quando a gente percebe que o cliente está gastando 25% da renda com empréstimos, o sinal amarelo acende”, diz Carlos Samogim, diretor-superintendente da Finamax, de São Paulo. 
 
O banco Credit Suisse alerta para o fato de que renda comprometida com o pagamento de dívidas é provavelmente uma das causas do aumento recente da inadimplência. Eis por que juros menores fariam com que o mesmo volume de endividamento comprometesse menos o orçamento das famílias e aumentasse, assim, seu potencial de consumo. É exatamente isso que o varejo espera. O presidente do conselho da Máquina de Vendas, Luiz Carlos Batista, por exemplo, faz planos para faturar mais com esse movimento. O empresário planeja abrir mais 60 lojas neste ano – a rede possui 940 unidades no País – de olho em mais um ciclo de expansão do crédito ao consumidor. Batista tem muito claro que a desaceleração do crédito é temporária e importante para controlar a inflação. 
 
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Ardila, CEO da GM na América do Sul: "Juros mais baixos trariam uma nova revolução no consumo"
 
“Agora, o cenário está mudando”, diz. O próprio crescimento da inadimplência, registrado em 2011, não deve se repetir neste ano, segundo especialistas. Na verdade, os principais bancos privados – Bradesco, Itaú e Santander –, ao divulgar seus balanços de 2011, foram unânimes em prever que os atrasos nos pagamentos de consumidores e empresas vão cair a partir do segundo semestre deste ano. Uma pesquisa da Febraban, feita na segunda quinzena de março, com os 31 maiores bancos que operam no Brasil, mostra que a projeção média para a inadimplência acima de 90 dias é de 5,3% neste ano, ante 5,5% em 2011. “Não há deterioração importante do ponto de vista da qualidade das carteiras de crédito”, admite Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban. 
 
Numa palestra recente na sede do Banco Central, em São Paulo, o presidente, Alexandre Tombini, enfatizou sua convicção de que o crédito está crescendo de forma sustentável e citou, entre vários fatores positivos, a expansão da renda e a queda do desemprego. Tombini prevê forte aceleração da economia entre o segundo semestre deste ano e o primeiro semestre de 2013. O diagnóstico do presidente do BC é fundamental para reverter as expectativas pessimistas do mercado. “Se o governo conseguir emitir sinais de que o desemprego continuará baixo e o poder de compra das famílias será preservado, a demanda por crédito estará garantida”, diz Fernando de Castro, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). 
 
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Espaço para crescer não falta, avalia Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). “A participação do crédito pode chegar tranquilamente a 80% do PIB”, diz Tingas. Embora estejam em pé de guerra com o governo em relação ao preço do crédito, os próprios bancos projetavam um crescimento no volume neste ano. “Há uma grande parcela das famílias que é conservadora e ainda nem tem dívidas”, diz Octavio de Lazari, diretor-executivo do Bradesco. Enquanto isso, Luiz Carlos Batista, da Máquina de Vendas, prepara suas lojas para crescer 11% neste ano. 
 
“O que muita gente não enxerga é que há uma enorme demanda reprimida por eletroeletrônicos”, diz Batista. “Se baixar o juro, haja mercadoria.” Ou seja, se depender do Brasil real, que produz e gera riqueza, essa cruzada será vencida. Afinal, o governo está fazendo a sua parte, diminuindo a Selic para um dígito e estimulando os seus bancos a repassar esses ganhos na ponta do varejo. Cabe ao setor privado fazer a sua parte, pressionando os recalcitrantes a aderir ao combate antijuros altos, buscando as melhores taxas e até mesmo trocando de fornecedor financeiro, estimulando a competição. 
 
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As melhores taxas para o seu negócio 
 
DINHEIRO pesquisou quanto os maiores bancos brasileiros cobram nas principais linhas de financiamento para as empresas e concuiu: vale a pena, sim, pesquisar preços. 
 
A decisão do governo de estimular os bancos estatais – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banrisul – a reduzir os juros deve provocar um aumento da competição entre as instituições financeiras. Graças à portabilidade do crédito, regulamentada pelo Banco Central (BC) em 2008, quem tiver dívidas junto a um banco poderá transferi-las para um concorrente mais camarada. É um processo trabalhoso: requer que o devedor obtenha uma linha de crédito de prazo e limite comparáveis aos de seu compromisso, e só compensa se as taxas forem menores. Mesmo assim, cada fração de ponto percentual de redução no custo do dinheiro é uma vantagem para o tomador do empréstimo. 
 
Para facilitar sua navegação nesses mares recém-agitados, DINHEIRO pesquisou as taxas oferecidas pelos bancos para as principais linhas de crédito empresariais. Foram considerados apenas os 20 maiores bancos por ativos, conforme a posição oficial do BC em dezembro de 2011. Nesse levantamento, foram consideradas as taxas médias informadas pelos bancos ao BC, válidas para o período entre 21 e 29 de março. Estão incluídos os encargos operacionais (que são as tarifas cobradas pelos bancos) e os impostos. As taxas estão expressas em seus percentuais anuais. Em alguns casos, o Banco do Brasil e a Caixa informaram alguns de seus preços após o corte nas taxas realizado em abril. Essas exceções estão indicadas nas tabelas pela letra (a). 
 
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“Os bancos terão de se adaptar a juros mais civilizados”
 
O presidente da Caixa, Jorge Hereda, prevê uma disputa mais acirrada no setor bancário para conquistar o cliente, com a redução de juros iniciada pelos bancos públicos neste mês. 
 
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O que representa essa redução do spread promovida pela Caixa?
 
Vai acontecer o que aconteceu nos anos 1990, quando a inflação caiu. Os bancos ganhavam com o dinheiro que ficava parado nas contas. Quando a inflação caiu, eles tiveram de se adaptar e passaram, inclusive, a cobrar tarifas, algo que antes não acontecia. Será o mesmo agora. Os bancos terão de se adaptar ao cenário de juros mais civilizados. Vai começar uma disputa maior pelos clientes. 
 
A redução dos juros pode afetar o lucro da Caixa?
 
De jeito nenhum. Vamos ter lucro igual ou maior do que no ano passado. Vamos reduzir nossos custos administrativos e aumentar a base de clientes. Queremos ampliar nossa participação no mercado de crédito de 12,6% para 14% neste ano. As empresas estão com dificuldade em conseguir crédito e reclamam das taxas praticadas atualmente. Por isso ganharemos mercado. 
 
Essa expansão do crédito pode aumentar a inadimplência?
 
Ao contrário. Se as condições de emprego e renda continuarem como hoje, a redução de juros pode dar mais condições ao consumidor de pagar suas contas, com financiamentos mais longos e custos menores. 
 
Colaboraram: Luís Artur Nogueira, Claudio Gradilone e Cristiano Zaia

Fonte: IstoÉ Dinheiro
Autor: Tatiana Bautzer, Denize Bacoccina e Carla Jimenez
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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