Os bancos têm restringido cada vez mais a liberação de crédito para o financiamento de veículos.

De acordo com um levantamento realizado pelo economista especializado em varejo automotivo, Ayrton Fontes, esse cenário também tem se tornado motivo de reclamação de concessionárias e lojas independentes, já que o varejo tem percebido queda nas vendas. “As vendas de veículos devem ficar estagnadas ou apresentarem queda nos próximos meses” explica.

O economista ainda comenta que a venda de carros usados e zero km 1.0 estão em queda, pois os consumidores que mantinham este mercado aquecido, ao financiarem em 60 parcelas sem entrada, hoje estão praticamente fora do mercado. “Não faltam recursos aos bancos, o que falta é confiabilidade neste tipo de empréstimo, por causa da crescente inadimplência, que deve chegar a 6% em abril”, afirma.

Segundo Fontes, atrasos entre 15 e 90 dias estão em alta, com mais de 26% de acréscimo, ante o mesmo período de 2011, o que indica maior inadimplência futura.

Classes

Segundo Fontes, a classe média praticamente não consegue financiar um veículo sem entrada ou com um valor pequeno de entrada. “Apesar da Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil terem anunciado queda nas taxas de juros, inclusive para financiameno de veículos, não houve um abrandamento do problema, pois os critérios para aprovação são os mesmos ou até mais rigorosos do que o dos bancos particulares. Além disso, estes bancos têm pouca atuação neste mercado, que sempre foi liderado pelos grandes bancos particulares”, completa.

Por outro lado, ele afirma que apenas as classes de maior renda conseguem financiar facilmente os veículos. “Somente consumidores das classes A e B, com renda superior a R$ 5 mil, estão conseguindo financiar seus veículos. Essas classes ainda conseguem aproveitar os planos dos bancos de montadoras que apresentam juros zero ou de 0,99% ao mês, desde que a entrada supere 50% do valor do veiculo”, completa.