Estamos vivendo um momento ímpar na odontologia nacional. Um dos profissionais liberais mais reconhecidos e valorizados, nas décadas de 70, 80 e 90, hoje está se “prostituindo” nas mãos das grandes clínicas e, principalmente, dos convênios odontológicos. 

Não culpemos os novos entrantes, que se submetem ao sistema, e nem os tradicionais cirurgiões-dentistas que, ao exercerem suas profissões de cabeça baixa, não viram as coisas acontecerem às suas costas; culpemos, sim, aos colegas que empregam colegas, aos administradores e oportunistas que veem nossa profissão como um “negócio” e aos mega empresários dos convênios odontológicos que infectaram nossa honra. 

Infelizmente o Sistema de Convênios Médicos não se aplica à Odontologia. No caso do cirurgião-dentista, a prestação do serviço é a resolução definitiva do problema, de forma técnica e prática, com envolvimento imediato de diversos materiais e equipamentos, ao contrário de nossos prestigiosos colegas médicos, que ao terem o conhecimento, uma caneta, uma guia de requisições e um receituário, já exercem sua profissão de forma rápida e eficiente. 

A conta para o atendimento de convênios odontológicos não fecha! Pega-se o que o convênio paga ao profissional e desconta-se aluguel, luz, água, telefone, secretária, equipamentos e materiais odontológicos, protéticos, terceirizados e impostos... = a conta praticamente empata. Ter uma margem de lucro baixa, mas uma vida digna tudo bem, agora, ser explorado?! Precisamos dar urgente um xeque-mate nos exploradores de dentistas, e acredito que o caminho mais rápido seja o da UNIÃO DA CLASSE + amparo legal. Por exemplo: 1. A partir de hoje, nenhum dentista atende a mais nenhum convênio odontológico. 2. Os CROs e o CFO se comprometem a negociar com as operadoras de convênio para que nenhum convênio odontológico seja firmado com CNPJs, apenas CPFs (cirurgiões-dentistas). Com isso, impossibilitaríamos uma clínica odontológica com CNPJ de se cadastrar para atender a qualquer tipo de convênio dentro do território nacional. Essa, entre outras tantas reivindicações, nossas entidades de classe negociariam com os grandes empresários do setor. Paralelo a isso, peço aos colegas que se sindicalizem, para podermos “peitar” os cafetões da odontologia de forma ostensiva e oficial, em nome da classe. Precisamos de força representativa. Precisamos de uma oxigenação até que a própria classe se organize e retome o desenvolvimento. Os dentistas focaram por muito tempo nas classes A e B, esquecendo das classes C, D e E. Opa!!! Já ia me esquecendo dos cursos de odontologia que se proliferaram, com atendimento a pacientes em aulas práticas, e que exaurem mais ainda o mercado de trabalho, oferecendo um baixo custo ao tratamento odontológico, muitas vezes expondo os pacientes a humilhações; infelizmente, ensinar odontologia para colegas virou uma profissão; a máquina do ensino competindo com seus formados. E a nossa imagem se denegrindo. 

Deem-nos um tempo, que retomaremos nosso crescimento. Procuraremos oferecer opções de tratamento às classes C, D e E, que são as mais necessitadas – parcelamentos, promoções. Enfim, queremos atender a tantos quantos pacientes houver, pois amamos o que fazemos, só que de forma PARTICULAR, com todo respeito e dedicação. 

Aos nossos clientes, sugiro que procurem um bom dentista particular, pois não há como fazer um trabalho de qualidade, com bons materiais e com tempo necessário para realização do serviço com o que os convênios nos pagam. Pergunte aos seus amigos e familiares. Sempre tem um bom dentista por perto. Um belo sorriso abre muitas portas. 

A Odontologia é uma bela e eterna profissão. A prevenção nos proporcionou a excelência na beleza do sorriso. Por favor, vamos voltar aos tempos de PAZ.