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Calote atinge mais lojas de calçados e vestuário
   
     
 


23/09/2009

Calote atinge mais lojas de calçados e vestuário
Descontrole financeiro, vaidade, baixa renda – estes são os motores da inadimplência no crédito de pessoa física

Descontrole financeiro, vaidade, baixa renda. Estes são os motores da inadimplência no crédito de pessoa física, segundo três pesquisas que detalham o perfil médio das pessoas que deixaram de pagar seus carnês, faturas de cartões de crédito ou têm cheques devolvidos.

A conclusão está relacionada aos setores que têm apresentado, individualmente, a maior taxa de inadimplência. Pelos cálculos do Clube dos Diretores Lojistas do Rio (CDL-RJ), 60% dos que deixaram de pagar os financiamentos fizeram compras nos segmentos de calçados e vestuário, e 30% no setor de eletrodomésticos. Já pelos dados da Telecheque, empresa especializada em gestão de riscos de crédito com cheques, lojas de roupas e calçados, somadas, registram 22% de calote, o maior índice entre os pesquisados. Refinando a pesquisa, a Telecheque descobriu que no vestuário, o sub-ramo que mais sofre com inadimplência é o chamado "surfwear", ou seja, moda jovem.

José Antonio Praxedes Neto, vice-presidente da Telecheque, acha que se pode falar em "vaidade e descontrole financeiro" como motivos centrais, já que as mulheres foram identificadas como predominantes entre clientes do ramo. De maneira geral, o descontrole financeiro responde por 70% da inadimplência em cheques, segundo a pesquisa.

Quando as pessoas são mais velhas, o problema não é vaidade nem descontrole, mas doenças, acidentes e desemprego. Praxedes vê a baixa renda da maioria dos brasileiros como denominador comum na equação do calote involuntário e um fator preocupante para a continuidade da expansão do crédito. "O orçamento da família brasileira é muito apertado, as pessoas estão sempre com a corda no pescoço."

É o que acontece com Marli da Silva. Casada, mãe de três filhos, ela tem 53 anos, não concluiu nem o primeiro grau, trabalha como diarista e ganha menos de R$ 800 por mês. Mesmo com renda tão baixa, conseguiu ter cinco cartões de crédito, que praticamente quintuplicaram sua capacidade de compra. Em todos eles acabou atrasando o pagamento das faturas e por isso foi punida com multas, juros e o corte dos limites do financiamento. "Para mim não deu certo. Me enrolei, não pude pagar e cortaram meu crédito", diz Marli, que hoje, garante, está fugindo do crédito.

Os cartões da Marli - emitidos pela C&A, Riachuelo e a financeira Taií - revelam que ela "se enrolou" nas redes de varejo de vestuário e calçados. Com números diferentes, as empresas que monitoram a inadimplência revelam que esses são os setores que mais financiam seus clientes e, consequentemente, registram maiores taxas de inadimplência, tanto em cartões quanto em cheques e carnês.

Os números do CDL foram compilados a partir de uma pesquisa realizada no fim do ano passado com 600 consumidores que procuraram a instituição para regularizar sua situação no comércio. Segundo o economista do CDL, Fernando Mello, a inadimplência atinge mais esses setores pelo fato de que são os maiores e mais expressivos do comércio, pelo menos no Rio de Janeiro.

Mello identificou o descontrole financeiro como a segunda maior causa da falta de pagamento nas lojas, apontado pelos próprios pesquisados. O primeiro é o desemprego. "Talvez por inexperiência, imprudência ou excesso de otimismo, as pessoas gastam por conta", diz Mello.

Nova técnica desmistifica perfil clássico de devedor

Tanto o Clube de dirigentes lojistas (CDL) quanto a Telecheque apontam mulheres casadas, na faixa de 20 a 30 anos, como público responsável pela maior parte da inadimplência. No entanto, novas tecnologias desenvolvidas para administrar o intenso ritmo de expansão do crédito estão trazendo novidades na identificação do perfil dos inadimplentes no Brasil.

A Neurotech, uma empresa especializada na aplicação de inteligência artificial na análise do perfil de operações de crédito, identificou que, em números absolutos, as mulheres apresentam maior inadimplência que os homens por serem o maior grupo de compradores no comércio de roupas e calçados. Porém, em números relativos, elas são menos inadimplentes que os homens. Em compensação, no ramo de materiais de construção, os homens, que formam o maior grupo de compradores em números absolutos, relativamente são mais pontuais que as mulheres.

"Homens e mulheres costumam ser mais pontuais com os pagamentos de acordo com o interesse que o segmento desperta em seu consumo do dia a dia", analisa Domingos Monteiro, diretor da Neurotech.

Com mais de 30 clientes entre redes de varejo espalhados por todo país, a Neurotech apura os dados sobre inadimplência coletados nas plataformas das empresas que vendem a crédito, a maioria para a baixa renda. Através da tecnologia de chamadas redes neurais, a empresa pode avaliar mais de 300 variáveis de comportamento, compondo um panorama detalhado que vai muito além das tradicionais pesquisas de inadimplência aplicadas há anos pelas centrais de cadastros.

O resultado é a quebra de alguns paradigmas, como por exemplo, de que os aposentados e os solteiros têm maior risco de não pagar que os jovens e casados. "Depende da operação", explica Germano Vasconcelos, diretor de marketing. "É tão variável que quando se analisa uma operação em que o crédito foi recusado e se modifica o plano de pagamento diminui muito o risco do mesmo tomador".

Fonte: Valor Econômico - SP
Autor: Janes Rocha
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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