Segundo dados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) sobre Violência Doméstica e Medidas Protetivas, somente no primeiro semestre de 2017, já foram efetuadas 13.806 prisões em casos de violência doméstica e solicitadas 45.126 Medidas Protetivas no Estado. Somente em Porto Alegre, foram 4.143 prisões por violência doméstica e 7.864 Medidas Protetivas.

Por mais avanços que a Lei Maria da Penha tenha conquistado ao longos dos seus 11 anos, os números de casos de violência doméstica continuam altos. A violência doméstica e familiar ainda atinge 1 milhão de mulheres brasileiras de todas as idades e classes sociais todos os anos. Mas o que chama mais atenção é o aumento da violência nos períodos de festas de final de ano como Natal e Ano Novo, devido aos dias mais longos, ao período de maior convivência familiar, férias, maior melancolia e aumento do consumo de álcool e drogas. Essas violências podem começar de forma sutil, com um xingamento na mesa de natal, um desmerecimento da mulher, ou humilhação pública , podendo evoluir para ameaças e violência física e sexual, culminando nos feminicídios tentados e consumados.

Segundo pesquisa feita pelo Datafolha e encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança, em 61% dos casos de violência doméstica o agressor é um conhecido da vítima e em 43% dos casos, a violência ocorre dentro da casa da vítima. Dados do Mapa da Violência 2015 apontam que o Brasil está entre os países com maior índice de homicídios femininos, ocupando a quinta posição em um ranking de 83 nações.

O silêncio continua sendo o maior cúmplice da vítima de violência, porque elas se calam, sentem vergonha de pedir ajuda e medo de denunciar. Muitas vezes a coragem de tomar uma atitude leva anos, porque muitas delas acreditam que o companheiro, namorado ou marido vai mudar, fato que não ocorre e as deixa mais vulneráveis física e psicologicamente. O silêncio também vem de pessoas próximas, amigos e vizinhos, que perpetuam a equivocada cultura de que "briga de marido e mulher ninguém mete a colher". Para isso, existem as Delegacias de Polícia e, principalmente, as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher, em que a vítima pode registrar uma ocorrência policial, solicitar Medidas Protetivas de urgência e ser encaminhada para a rede de proteção da Lei Maria da Penha.

Levando-se em consideração a gravidade que o problema da violência doméstica causa na vida das mulheres, o escritório Gabriela Souza - Advocacia para Mulheres resolveu criar a Campanha de Natal “Feliz Natal para quem?”. A campanha busca chamar a atenção para a causa, visto em que nesse período do ano as ocorrências de violência doméstica aumentam 20%. O objetivo é conscientizar a população sobre dados da violência doméstica, os tipos de violência doméstica, proporcionar conhecimento jurídico e, sobretudo, orientar de que forma a denúncia pode ser feita, tanto pela vítima quanto por amigos, familiares e, inclusive, desconhecidos.

A campanha será veiculada de forma impressa e online através da página Gabriela Souza - Advocacia para Mulheres (https://www.facebook.com/gabrielasouzadvocacia) durante o mês de dezembro, já que as violências domésticas aumentam durante  período de final de ano. O objetivo da campanha “Feliz Natal para quem?” visa buscar a conscientização sobre o papel de todos no combate à violência doméstica.