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Lei anti-fumo em Porto Alegre
   
     
 


23/11/2009

Lei anti-fumo em Porto Alegre
Capital gaúcha segue exemplo de São Paulo e entra na onda da guerra contra o cigarro

A lei que proíbe o uso do fumo em lugares públicos fechados foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul no dia 4 de novembro deste ano. A proposta proíbe o uso de “fumo e similares, derivados ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado em todo o Estado”. O interessante é que, segundo a lei, é facultativa a criação de áreas para fumantes em recintos coletivos fechados, que devem ser fisicamente equipadas com soluções técnicas que garantam a exaustão do ar para o ambiente externo, e mais: a lei não prevê multas para o infrator e para o dono do estabelecimento. No entanto, isso irá mudar, de acordo com o autor, deputado estadual do PSB, Miki Breier, que promete sanção para o descumprimento da norma muito em breve: “Estou agilizando e já falei com o chefe da Casa Civil, secretário Otomar Vivian, que me disse que o faria nos próximos dias. No entanto, as pessoas de boa fé, que querem cumprir o que está estabelecido por regra, sabendo que existe uma lei aprovada, devem cumpri-la, independentemente da multa. Aqueles que não quiserem vão estar infringindo uma legislação, por isso acredito que o decreto vai sair logo ainda até o final deste mês, e aí nos teremos estabelecida uma regra de sancionamento para quem não cumprir a legislação”. A coordenadora do Programa Estadual do Tabagismo do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), da Secretaria Estadual da Saúde, Tânia Santos, endossa a informação: “No parágrafo quinto, está prevista a regulamentação da lei. Através da Casa Civil, serão chamados os órgãos competentes para vermos isso – qual vai ser a multa e quais serão os lugares permitidos para fumar. Só agora a lei vai ser regulamentada”. O Programa de Controle de Tabagismo é um convênio entre as secretarias estaduais e o governo federal, através do Instituto Nacional do Câncer (Inca), onde são trabalhados três momentos diferentes: a sensação, que é o tratamento nas unidades básicas de saúde, onde é fornecida medicação, material de apoio e feita a capacitação e certificação dos profissionais de saúde para que eles possam fazer esse trabalho; as escolas, para prevenir o tabagismo entre crianças e jovens; e ambientes livres de tabaco, onde se combate o fumo passivo. A coordenadoria faz parte do grupo que vai regulamentar a lei, junto com as vigilâncias sanitária e epidemiológica, o programa de controle de tabagismo e outros órgãos competentes que serão chamados pela Casa Civil. 

Ficam excluídos no disposto da lei ambientes ao ar livre como calçadas, pátios, varandas e locais de culto religioso em que o uso do fumo faça parte do ritual, diferente da lei em São Paulo, que inclui espaços abertos como os citados no rol de áreas onde o fumo é proibido. “A nossa lei não é tão radical. Entendemos que há que haver um consenso, com espaços mais abertos, mesinhas em varandas, onde as pessoas que quiserem fumar possam ter liberdade. Agora, em locais fechados, isso já não é mais concebível”, afirma Breier. “Temos uma cultura que, felizmente, está mudando ao longo de algumas décadas. Antigamente, as pessoas fumavam fazendo comentários de televisão, em frente às câmeras, nas novelas e filmes. Parecia que o cigarro tinha um certo glamour. Mas isso foi caindo com o tempo e hoje sabemos que não faz bem. Mesmo os fumantes, que atualmente têm um pouco mais de consciência, têm nos agradecido pela lei, dizendo que quanto mais tiver restrição, mais eles vão se policiar também, que vão reduzir o fumo ou até tentar largar o vício – o que alguns não conseguem sozinhos. Queremos que o Estado possa ser modelo, mas que cumpra aquilo que está aprovado”.
 
O objetivo principal em apresentar o projeto no Rio Grande do Sul foi reforçar o que já prega a lei federal 9.294 de 1996 que, em seu artigo segundo diz: “É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente”. Segundo Miki Breier, a lei federal não diz claramente o que são esses locais e como seria a possibilidade de um espaço reservado para fumantes. “Pensamos que o estado do Rio Grande do Sul pode buscar um diálogo entre duas correntes principais. A primeira delas, e a mais importante, é a preocupação com a saúde das pessoas, principalmente a dos não-fumantes. Mesmo aqueles que fumam sabem que o cigarro traz malefícios não só à sua saúde, mas também a daqueles que ficam próximos – os fumantes passivos. Entendemos que precisávamos fazer uma minúcia jurídica no sentido de esclarecer o que são esses espaços – e citamos no artigo primeiro o que se entende por eles: bares, restaurantes, igrejas, locais de trabalho, etc. No artigo quarto, procuramos fazer esse diálogo também com outro setor que é importante para o nosso estado principalmente, diferentemente de outros estados, que é o da produção de fumo, de onde muitas famílias tiram seu sustento por muitas décadas. O setor primário aqui é muito forte, além do terciário, que possui uma indústria instalada na Grande Porto Alegre”. Nesse sentido de harmonização, o deputado garante, citando o artigo quarto de sua lei, que é possível ainda ao dono de um estabelecimento reservar uma área para fumantes desde que obedeça a dois critérios fundamentais: ter uma delimitação física, ou seja, uma parede, para que os espaços dos fumantes e o dos não-fumantes não dialoguem entre si; e que haja uma solução técnica com exaustão plena do ar dessa área de fumantes para fora do estabelecimento. “Havendo essas condições, entendemos que é possível criar esses espaços para respeitar também aqueles que fumam e, em princípio, consomem produto lícito no Brasil, e não podem ser tratados como criminosos. A idéia então é garantir a saúde, mas não perseguir pessoas por terem um vício, um costume, uma opção, e que é aceitável ainda no país”, pondera Breier.
 
Tânia Santos, acredita que a lei é uma grande conquista para o Estado, que não possuía nenhuma lei que regulamentasse a situação, mas “o que nós queríamos mesmo é que não houvesse espaço para o fumante. Achamos importante que exista uma lei estadual. Na verdade, ela repete a lei federal, que permite o fumódromo. Não é o ideal, mas já é um avanço”. O coordenador da Equipe de Pneumologia Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde, o médico pneumologista Paulo Roberto Müller, afirma a posição do órgão em ser veementemente contra o tabagismo: “É maléfico para as pessoas em todos os sentidos e dimensões. Nossa posição é embasada em inúmeros trabalhos do mundo inteiro que mostram os problemas ligados ao tabaco”. A equipe, que cuida do Programa de Controle da Asma no município de Porto Alegre, do Programa de Controle do Tabagismo, do Programa de Controle da Tuberculose e de pacientes que fazem uso de oxigênio no domicílio, não somente é contra todo e qualquer ato tabágico, como também quaisquer circunstâncias que lhe dêem espaço. “Salas para tabagistas, isolando-os das outras pessoas, é uma proposta intermediária que circula em vários locais. Porém, nós também somos contra essas salas por entender que as pessoas que estão dentro delas fumando estão sendo igualmente prejudicadas. No futuro, terão problemas pulmonares, como inflamações; e circulatórios – infarto e AVC. Em médio e longo prazo, terão câncer de pulmão. Condenamos esses fumódromos”, sentencia. “A lei, além de coibir o fumo em locais públicos, deve sempre partir do pressuposto que o tabagismo faz mal. Nós temos algumas diferenças aqui em relação a outras leis de outros estados e é hoje, principalmente, a grande crítica que nós, das políticas públicas de combate ao tabagismo, fazemos – é preciso haver a punição adequada”. Ele acredita que, ao não se fazer nada ou muito pouco contra os fumantes, não se gera uma mudança de comportamento baseada na premissa de que o respeito social deve ser mantido. “Vamos fazer que tipo de sanção para quem, por exemplo, em um restaurante, acender um cigarro e não pensar em ninguém que está no ambiente a não ser nele mesmo? Essa é a pergunta que fazemos. Achamos que temos de avançar ainda no sentido de ver agora quais são as sanções para quem infringir a lei que está colocada”.
 
Mas e o direito do consumidor de tabaco fumar seus cigarros em locais tipicamente boêmios – isso existe? “Essas questões não afetam diretamente a defesa do consumidor. Ninguém está obrigado a ir ou deixar de ir a qualquer lugar. A pessoa tem de ir aonde ela se sinta bem. Evidentemente que prevalece o direito da maioria – dos não-fumantes –, de respirar um ar puro e preservar sua saúde. As pessoas que fumam devem ir a ambientes que seja permitido fumar. Elas não estão obrigadas a comparecer em ambientes para não-fumantes. Elas podem deixar de freqüentar esses lugares. O direito da maioria deve ser preservado. O consumidor fumante deve respeitar o consumidor não-fumante, seu direito de ter um ar sem a poluição causada pelo fumo”, explica o coordenador do Procon Porto Alegre, Omar Ferri Jr., que sugere aos fumantes consumirem seus crivos do lado de fora dos estabelecimentos e, depois, retornarem. “Deve prevalecer a vontade da maioria e favor da saúde de todos”, completa Ferri Jr., que relata a reclamação de um consumidor que foi a um estabelecimento fechado onde havia fumantes queimando seus cigarros e isso o incomodou profundamente.
 
Procurada a respeito, a subsidiária da British American Tobacco – o mais internacional dos grupos de tabaco, com marcas comercializadas em 180 países –, a Souza Cruz, líder no mercado nacional de cigarros, pronunciou-se de maneira bastante formal, e afirmou que, diante do presente cenário, de guerra declarada contra o tabagismo, “continua investindo na alta qualidade e controle de seus produtos e na profissionalização de seus colaboradores em todo o País” e que “ainda não é possível mensurar o impacto que a lei causou nos negócios do grupo e que não foi realizada nenhuma pesquisa nesse sentido”. A Souza Cruz se defende, justificando o lado positivo do consumo de tabaco: os empregos e impostos que a indústria gera, a atividade fumageira e o trabalho agrícola. “A Souza Cruz emprega cerca de 7,5 mil colaboradores diretos e tem como parceiros mais de 40 mil produtores rurais, que recebem constantes orientações para manter a alta rentabilidade em suas propriedades.
A companhia posiciona-se entre os 10 maiores contribuintes de impostos no Brasil, gerando tributos sobre vendas, em 2008, de aproximadamente R$ 5,745 bilhões. As exportações de de fumo no último ano totalizaram 127,8 mil toneladas, 5,6% superiores àquelas realizadas em 2007”, informa.
 
E os fumantes? O que dizem sobre a lei?
 
Como semi-fumante (quatro cigarros por dia), a redatora desta matéria aprova a lei anti-fumo como uma esperança contra a péssima combinação de cigarro e refeições em restaurantes e a comum e terrível situação de ter suas roupas queimadas pelos que insistem em fumar e pular ao mesmo tempo nas pistas de danças das casas noturnas. Outros fumantes regulares dividem suas opiniões. O artista de efeitos visuais, Fabiano Berlim, 25 anos, paulista residente em Porto Alegre há seis anos, teve o primeiro contato com o cigarro aos 16 anos de idade. “Aos 18, fumava sempre que ia a festas. Aos 20, já fumava todos os dias. Fumei as primeiras vezes de curiosidade. Não me lembro o motivo exato que me fez fumar todos os dias. Foi bem gradual. Hoje em dia não sinto prazer algum no cigarro, apenas desconforto se não fumo, principalmente ansiedade". Berlim, que consome uma média de 15 cigarros por dia, acha a lei correta. “Sei que é um transtorno para os não fumantes ter que freqüentar lugares cheio de fumaça de cigarro. Eu pessoalmente não gosto de fumar em lugares fechados, mais por higiene, para não ficar completamente cheirando a cigarro. Acredito também que, em um quesito, a lei anti-fumo do Rio Grande do Sul é mais elaborada do que as de São Paulo e Rio de Janeiro, pois, prevendo um fumódromo, o fumante não é completamente excluído dos locais. Até porque, no final das contas, o vício é uma doença”, pontua.
 
A estudante de Design da ESPM, Virginia Stefanello, 22 anos, considera a lei “anti-democrática”
 
A estudante de Design da ESPM, Virginia Stefanello, 22 anos, considera a lei “anti-democrática”. Ela, que fumou pela primeira vez aos 17 anos, mas “só para experimentar”, afirma que nunca gostou de cigarro até que foi fazer intercâmbio em Portugal e morou com uma alemã e uma espanhola “que eram duas chaminés”. “Acabei adquirindo o hábito com elas. Na adolescência, quando ia a festas, bebia e fumava um que outro cigarro. Agora, fumo nos intervalos da faculdade, no máximo uns quatro cigarros por dia. Fumo muito pouco, mas quando saio chego a fumar uma carteira. Gosto de tomar cerveja e fumar. Depois dessa lei, nunca mais sentei dentro dos bares e, nos que não têm cadeiras fora, nem vou”, diz. Virginia acredita que a lei seja boa, pois respeita quem não fuma, mas acha que os estabelecimentos poderiam ter o direito de escolha – “se ali fumantes são ou não bem-vindos”. Ela concorda que deva ser proibido fumar em lugares fechados: “Há boates em que os olhos chegam a arder com a fumaça. É ruim também para quem fuma”.
 
Já o atendente de call center, Darci Ricardo Fortes Brum, 31 anos, que começou a fumar aos 16, “por causa do estresse” e, hoje, consome uma carteira por dia, é mais radical: “Essa lei é absurda, desnecessária, abusiva, prejudicial para quem fuma e para quem tem estabelecimentos, visto que agora somente se pode fumar em lugares abertos. Boates, por exemplo, sem área aberta, vão perder toda a clientela fumante, principalmente porque bebida dá muita vontade de fumar, e ninguém quer se sentir desconfortável por não poder acender um cigarro. Sempre funcionou perfeitamente; não entendo porque mudar agora”. Sobre o vício, ele declara: “Quando estou nervoso ou estressado, acendo um cigarro e meu corpo relaxa. Gosto do gosto do cigarro, me sinto bem quando fumo, é como se fosse uma compensação pelos problemas, como um prêmio por passar pelas coisas também”.
 
Tabagismo no Brasil e no mundo em números*
  1. No Brasil, a campanha anti-fumo começou para valer em 1996, quando o governo restringiu ao horário noturno a propaganda de cigarros no rádio e na televisão. Em 1998, o fumo foi proibido nos aviões. Inicialmente, quando a aeromoça anunciava a proibição pelo microfone, muitos passageiros comemoravam com palmas. Em 2000, a propaganda tabagista foi proibida em todos os meios de comunicação. No ano seguinte, vetou-se o patrocínio de eventos culturais e esportivos por parte de fabricantes de cigarros, que foram obrigados a estampar fotos chocantes nos maços. A eficácia dessas medidas foi enorme. Em 1989, 35% da população brasileira era fumante – em 2006, esse índice baixou para 17%.
  2. O mercado brasileiro de cigarros é de, em média, R$ 13 bilhões por ano; emprega 2,4 milhões de pessoas – mais do que a construção civil; e recolhe, anualmente, cerca de R$ 7 bilhões em impostos.
  3. O Brasil aumentou em 23% o imposto sobre produtos industrializados (IPI) sobre o preço do cigarro. Um aumento de 10% nos impostos sobre o fumo geralmente representa uma queda de 4% no consumo em países desenvolvidos e 8% nos em desenvolvimento.
  4. A União Européia (EU) determina que os impostos sobre cigarros devem representar pelo menos 57% do preço de cada maço. Até 2014, a UE pretende elevar esse percentual para 63%. O país que mais combate o fumo na Europa é a Inglaterra. O aumento de impostos aplicado no ano passado quadruplicou o preço dos maços de cigarros. A proibição de fumar em locais públicos fechados, como restaurantes e universidades, é hoje uma tendência mundial. Cerca de 50% dos americanos e 90% dos canadenses moram em cidades onde essa norma já foi implantada. Em Paris, é proibido fumar nos cafés. Nos famosos pubs londrinos, já não é permitido acompanhar com baforadas as canecas de cerveja quente. Entre 5 de agosto e 5 de outubro, a Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo (Abresi) verificou queda de 12% no movimento de restaurantes, 18% em bares e 38% em discotecas no estado de São Paulo. Na capital, o número aumenta: houve queda de 40% na freqüência às boates da noite paulistana. No Rio de Janeiro, no ano passado, um decreto da prefeitura extinguiu os fumódromos e instituiu multa para infratores de até R$ 75 mil. No Recife, há um ano não se pode fumar em locais fechados – e até mesmo em locais ao ar livre, caso se comprove que a fumaça não se dispersa com facilidade.
  5. Estima-se que um terço da população mundial adulta, isto é, em torno de 1,2 bilhão de pessoas (entre as quais, cerca de 200 milhões de mulheres), sejam fumantes. Aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o hábito de fumar.
  6. Cerca de dois terços da população fumante do mundo vive na China (que concentra aproximadamente 30%), Índia (10%), Brasil, Estados Unidos, Japão, Rússia, Alemanha, Turquia, Indonésia e Bangladesh. Estima-se que 22,4% da população brasileira fume. A Grécia tem a maior taxa de fumantes do mundo, com cada pessoa consumindo uma média de mais de oito cigarros por dia.
  7. Noventa por cento dos fumantes iniciaram seu consumo antes dos 19 anos de idade, faixa em que o indivíduo ainda se encontra na fase de construção de sua personalidade.
  8. Apenas 5% da população mundial vive em países onde a publicidade e a promoção ao tabaco são totalmente proibidas (medidas-chaves para reduzir as taxas do tabagismo). Quinze países (onde vive 6% da população mundial) exigem que as embalagens de tabaco incluam alertas sobre os perigos de fumar. Nove países (que representam 5% da população do planeta) dispõem de serviços exclusivamente destinados ao tratamento da dependência em relação ao tabaco.
  9. O tabaco é a segunda droga mais consumida entre os jovens, no mundo e no Brasil, e isso se deve às facilidades e estímulos para obtenção do produto, entre eles o baixo custo, a curiosidade pelo produto estimulada pela imitação do comportamento do adulto e a promoção e o marketing de produtos derivados do tabaco.
  10. O preço do cigarro brasileiro é o sexto mais barato do mundo.
  11. O tabagismo, considerado a principal causa de morte evitável em todo o mundo, já provocou cem milhões de mortes só no século XX. Elas subirão para mais de 1 bilhão no século XXI. Essa previsão significa 10 vezes mais mortes do que se previa no século passado. Chegaremos em 2030 somando mais de 8 milhões por ano, e 80% desses óbitos acontecerão nos países em desenvolvimento. Metade dessas mortes vai atingir indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos). São, em média, 5 milhões de mortes ao ano no mundo, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. O tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool.
  12. De cada cem pacientes que desenvolvem câncer, trinta são fumantes. No caso dos com câncer no pulmão, esse índice salta para 90% do total. O cigarro é o único produto legal que causa a morte da metade de seus usuários regulares. Isto significa que de 1,3 bilhão de fumantes no mundo, 650 milhões vão morrer prematuramente por causa do tabaco.
  13. Todo ano, o cigarro mata 440.000 americanos – mais do que em toda a II Guerra. No Brasil, estima-se que, a cada ano, 200 mil brasileiros morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo.
  14. Após décadas de ataques ao tabaco, o número de fumantes está caindo em países desenvolvidos, como Estados Unidos e Canadá. Porém, em países em desenvolvimento o levantamento aponta crescimento.
  15. O cigarro é composto por folhas de fumo que contêm mais de 4.500 complexos químicos, muitos dos quais se transformam em outras combinações. Esses complexos incluem arsênico, amônia, sulfito de hidrogênio e cianeto hidrogenado. O componente do cigarro mais letal de todos os elementos é o monóxido de carbono, que é idêntico ao gás que sai do escapamento dos automóveis. Este produto toma o lugar do oxigênio, deixando o corpo totalmente intoxicado. Uma das substâncias presentes no fumo do tabaco é o alcatrão – de forte odor, ele se obtém da destilação de certas matérias orgânicas, principalmente de carvão, ossos e de algumas madeiras resinosas. Provoca a obstrução dos pulmões e perturbações respiratórias, além da dependência do tabaco e várias doenças associadas ao seu consumo.
  16. Fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos da poluição tabagística ambiental, tais como, irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos. Eles têm um risco 23% maior de desenvolver doença cardiovascular e 30% mais chances de ter câncer de pulmão. Além disso, têm mais propensão à asma, redução da capacidade respiratória, 24% a mais de chances de infarto do miocárdio e maior risco de arteriosclerose. O Instituto Nacional do Câncer direciona R$ 100 milhões do orçamento para tratamento de fumantes passivos, além de R$ 439,2 milhões do INSS.
  17. O poder público gasta com o tratamento de fumantes duas vezes mais do que arrecada com os impostos do cigarro, sem contar os prejuízos de empresas privadas – o tabaco causa perdas de mais de US$ 200 bilhões de dólares ao ano no mundo.
  18. Uma das empresas que investem em remédios contra o vício, a GlaxoSmithKline, registrou 39% mais vendas do NiQuitin em 2009.
  19. Na Itália, após a implantação da lei que proibiu o fumo em locais fechados, o número de infartos foi reduzido em 11% nas pessoas com idade entre 35 e 64 anos, a freqüência do tabagismo caiu 4% nos homens e 0,2% nas mulheres e as vendas de cigarros diminuíram 5,5%. No Egito, o custo anual do tratamento de doenças vinculadas ao tabagismo chega a US$ 545 milhões e, na China, US$ 6,5 bilhões. No Brasil, o cigarro provoca um prejuízo anual para o sistema público de saúde de, pelo menos, R$ 338 milhões, o equivalente a 7,7% do custo de todas as internações e quimioterapias no país. Quase 8% dos gastos do sistema vão para doenças ligadas ao cigarro e são disponibilizados para hospitalizações e terapias quimioterápicas em pacientes de 35 anos ou mais, vítimas de 32 doenças comprovadamente associadas ao tabagismo (alguns tipos de câncer, problemas respiratórios e circulatórios). A terapia de um paciente com câncer custa, em média, R$ 29 mil. O tratamento de câncer do esôfago, R$ 33,2 mil e, o de laringe, R$ 37,5 mil. Se todos os casos novos desses três tipos de câncer causados pelo cigarro procurarem o sistema público, o gasto calculado é de R$ 1,12 bilhão.
  20. O fumante é um dependente químico e está sujeito a mais de 2.450 doenças. O tabagismo é diretamente responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular. Outras doenças que também estão relacionadas ao uso do tabaco são aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual no homem.
  21. O Banco Mundial calculou que, para colocar em andamento um pacote essencial de intervenções em saúde pública em que o controle do tabagismo esteja incluído, os governos deveriam gastar, em média, US$ 4 dólares nos países de baixa renda e U$ 7 per capita nos países de renda média.
  22. Nos países ditos de economia ou rendimento intermédio, as receitas fiscais provenientes do tabaco são mais de 4 mil vezes superiores às despesas com a luta antitabaco e, nos países de fraco rendimento, são mais de 9 mil vezes superiores. A maioria dos países recolhe 500 vezes mais dinheiro nos impostos sobre produtos de tabaco a cada ano do que gastam em esforços de controle do tabagismo.
  23. Nas empresas brasileiras, 44% dos funcionários e 80% dos patrões acham que os não fumantes são mais produtivos.
  24. Em Porto Alegre, encontram-se as maiores proporções de fumantes, tanto no sexo masculino quanto no feminino e, em Aracaju/SE, as menores. O número de mulheres fumantes em Fortaleza diminuiu nos últimos três anos. Em 2006, 13,6% delas se enquadravam nesse perfil. No ano seguinte, esse índice caiu para 10,3% e, em 2008, as mulheres que fumam responderam por 7,3%.
  25. A concentração de fumantes é maior entre as pessoas com menos de oito anos de estudo do que entre pessoas com oito ou mais anos de estudo. 
*Fontes: Organização Mundial da Saúde (OMS), Instituto Nacional de Câncer (Inca) e Ministério da Saúde

Fonte: Renata Appel
Autor: Renata Appel
Revisão e edição: Renata Appel

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Comentários
 1 comentários


Greg 
Virgie, democracia é eu poder escolher o que quero respirar, sem ser obrigado a respirar a fumaça dos outros. O dependente é o fumante, não eu que não fumo.
05/09/2012 
   
       
     


     
   
     
   
     
 


























 
     
   
     
 
 
 
     
 
 
     
     
 
 
       

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