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Mahmoud Ahmadinejad: mais um aliado polêmico da política externa brasileira
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US$ 1,1 bilhão é quanto o Brasil exporta por ano ao Irã
Os protestos já começaram na semana passada e devem se intensificar. O alvo é o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que chega a Brasília na segunda-feira 23. se por um lado o Irã é dono da terceira reserva de petróleo do mundo, por outro é alvo de sanções da ONU por seu programa nuclear e tem relações estremecidas com os estados Unidos. As declarações de Ahmadinejad negando a existência do Holocausto e pregando o fim de Israel também não ajudam.
Diante deste quadro, cabe a pergunta: vale a pena, para o Brasil, estreitar as relações com um governante desse naipe? O governo brasileiro acha que sim. e espera se credenciar para intermediar a relação entre Irã e EUA. "Não se constrói a paz no Oriente médio sem conversar com todas as forças políticas e religiosas", disse o presidente Lula quando foi questionado sobre a conveniência da visita.
O embaixador Antonio Patriota, atual secretário-geral do Itamaraty, diz que o Brasil foi procurado inclusive pelo enviado especial dos estados Unidos ao Golfo pérsico, Dennis ross, que pediu informações ao governo brasileiro sobre o Irã. "Nós temos embaixada no Irã e eles não têm", disse patriota. já o senador Demóstenes Torres (Dem-GO), integrante da comissão de relações exteriores do senado, não vê benefícios. "Não vale o desgaste", avalia.
No comércio, as empresas brasileiras venderam ao Irã Us$ 1,1 bilhão no ano passado e as importações somaram apenas Us$ 14 milhões, de produtos como sal, enxofre, componentes químicos, frutas secas e tapetes persas. "Depois desta visita, o interesse dos dois países vai aumentar bastante.
O potencial não só de comércio, mas também de investimento e cooperação e investimento conjunto é muito grande", disse à DINHEIRO o embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh. O Irã também quer assinar acordos com a Embrapa na área agrícola e produção de etanol, e empresas iranianas têm interesse em comprar terras no Brasil.
O encontro empresarial deve reunir cerca de 100 empresários iranianos e outros 50 do lado brasileiro. A confederação Nacional da Indústria só vai participar a pedido do Itamaraty. e, na segunda-feira, a Petrobras informou que, em vez de aprofundar a cooperação, pode encerrar as operações no Irã. A empresa vinha sendo pressionada por fundos americanos a respeitar o embargo contra o país, mas o diretor internacional, jorge Zelada, diz que a decisão foi técnica.