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Na era do real forte
   
     
 


23/11/2009

Na era do real forte
Moeda brasileira nunca teve tanto poder de compra como agora. E isso provoca profundas mudanças na vida das empresas e dos consumidores.

Rogério Albuquerque/ag. istoé

Na semana passada, quando o dólar retornou à casa de R$ 1,70, cotação idêntica à do período anterior à taxação de investimentos estrangeiros na Bovespa, o governo voltou a demonstrar preocupação com o tema cambial. Em Brasília, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, sinalizou que novas medidas seriam adotadas para conter a erosão da competitividade do setor exportador. Longe dali, nos escritórios da Samsung, em São Paulo, os executivos da companhia usavam outra expressão: "erosão tecnológica". Comum no mercado de eletrônicos, isso significa que, a cada seis meses, um produto envelhece e fica defasado. Mas agora, com o real forte, o consumidor brasileiro passou a ter poder de compra para acompanhar esse movimento e adquirir um eletrônico melhor e ainda mais barato do que o anterior.

"A força da moeda brasileira é hoje o maior fator de estímulo ao consumo de eletrônicos cada vez mais sofisticados" Carlos Werner, diretor da samsung

"A força da moeda brasileira é hoje o principal fator de expansão do mercado de televisores", disse à DINHEIRO Carlos Werner, diretor de marketing corporativo da Samsung. "E o crescimento se dá nos modelos mais sofisticados." A Samsung, assim como indústrias de vários setores, enxergam a valorização do real diante do dólar como um fenômeno permanente - e não transitório. E por isso mesmo acelerou a produção em Manaus de modelos de tela plana, cada vez mais demandados. A montadora Renault, que produz seus modelos no Paraná, tomou uma decisão parecida. Terá a opção de colocar, se houver demanda, mais equipamentos importados, como air bags, câmbios automáticos e freios ABS, em seus modelos mais vendidos no Brasil. "Em vez de gritar contra a situação do dólar, temos a oportunidade de sofisticar nossos produtos", disse à DINHEIRO Alain Tissier, vice-presidente da montadora.

A primeira vista, os movimentos da Samsung e da Renault poderiam corroborar a tese de que a valorização do real contribui para a "desindustrialização" do País, como alegam vários críticos da política cambial. Mas os números apontam outra realidade. Nos nove primeiros meses deste ano, a produção da indústria apresentou crescimento de 14,6%. E muitas companhias têm buscado ampliar o conteúdo nacional dos seus produtos.

Thiago Bernardes Daniela Dacorso/ag . Istoé
Cultura e Conhecimento: Paulo Amorim, do Tom Brasil, tem trazido cada vez mais atrações internacionais, enquanto Roberto Montezano, do Ibmec, destaca o aumento do intercâmbio entre as instituições de ensino do Brasil e do Exterior

Dias atrás, o executivo Paulo Rocca, diretor de compras da multinacional alemã Bosch, reuniu vários de seus fornecedores em Campinas, no interior paulista, e traçou uma meta: ampliar de 70% para 80% a nacionalização dos componentes, o que representaria um acréscimo de R$ 140 milhões em compras locais por ano. "Se você tem negócios num país, o melhor é se abastecer no mercado interno, independentemente da questão cambial", disse Rocca à DINHEIRO. Ele avalia que decidir pela importação levando em conta apenas o preço do produto pode ser perigoso. Além disso, a empresa quer aprender a ser competitiva com a taxa de câmbio atual, já que o real não dá sinais de que vai se desvalorizar no médio prazo. "Nossa escolha é apostar na indústria local e contribuir para aquecer a economia doméstica", avalia.

Os benefícios indiretos de uma moeda forte vão além da melhoria tecnológica da indústria. Hoje, o Brasil está entre os países que mais oferecem vagas e pagam os melhores salários do mundo aos executivos. Segundo o headhunter Alfredo Assumpção, dono da Fesa - uma consultoria de recrutamento de profissionais de alta patente -, a procura de postos de chefia em empresas brasileiras por estrangeiros triplicou desde o início do ano. "O Brasil está pagando bem, e a qualidade das vagas é compatível à de qualquer lugar do mundo", garante Assumpção. "Os brasileiros que tinham, no passado, ido trabalhar fora do País começam a voltar."

Outro ganho qualitativo ocorre no mercado educacional. No Ibmec, reconhecido pelos cursos de economia, negócios, direito, marketing e relações internacionais, têm aumentado as parcerias com universidades do Exterior. Cresce tanto o número de alunos e professores estrangeiros nas salas de aula do instituto no País quanto o de brasileiros que vão passar uma temporada fora em intercâmbio. Atualmente, o Ibmec tem convênio com 30 universidades estrangeiras e a intenção é chegar a 40 nos próximos dois anos. "A conjuntura atual do real barateia os custos de intercâmbios de alunos e professores", diz Roberto Montezano, coordenador do mestrado em adminstração do Ibmec no Rio de Janeiro.

Custos menores também alimentam a indústria da comunicação. O publicitário Nizan Guanaes, sócio do grupo ABC, abriu uma empresa em São Francisco, nos Estados Unidos, a Pereira & O'Dell. Além disso, outro braço do grupo no Brasil, a Seminars, foi criada para trazer grandes nomes globais para conferências no País. Ainda este mês, o ex-secretário-geral da ONU KofiAnnan deve desembarcar no Brasil como primeiro convidado. A lista de possibilidades inclui ainda outros personagens da história da política internacional, como o ex-presidente russo Mikhail Gorbachev, que, no passado, custariam muito mais caro aos padrões brasileiros. "O dólar baixo, sem dúvida, facilita a compra de produtos lá fora e ajuda a crescer no Exterior", diz Nizan.
 

Com um real que "compra mais", novas cortinas se abrem para o show biz brasileiro. A agenda endossa esse novo cenário. Atrações internacionais ganham mais espaço nos palcos do País. Estarão em cartaz nos próximos meses Cold Play, The Beach Boys, AC/DC, Jess Stone, Jon Secada, entre outros. "Em muitos casos, está mais barato pagar os cachês de fora que os daqui", diz Paulo Amorim, sócio-diretor do Grupo Tom Brasil - que reúne as casas de espetáculo HSBC Brasil e Tom Jazz, em São Paulo, e Vivo Rio, no Rio de Janeiro. E, nesse roteiro de grandes transformações em toda a economia brasileira, a grande estrela é o real forte.

Fonte: ISTOÉ Dinheiro
Autor: Carolina Matos e Hugo Cilo
Revisão e edição: de responsabilidade da fonte

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