Falar em aumento do preço do pãozinho, por conta da sobretaxa de importação ao trigo originário dos Estados Unidos, é “terrorismo”, afirmou nesta terça-feira (9) o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
“Já tem gente querendo ganhar dinheiro à custa de uma determinada situação”, afirmou o ministro, segundo a Agência Brasil, durante entrevista para apresentar o sexto levantamento da safra de grãos de 2009/2010.
O aumento da tarifa de importação de 10% para 30% para o trigo norte-americano foi anunciado na segunda (8) pela Camex (Comissão de Comércio Exterior), como forma de retaliação autorizada pela OMC (Organização Mundial do Comércio) pelo fato de os Estados Unidos terem dado subsídios ilegais aos produtores de algodão do país.
Especulação
De acordo com Stephanes, a especulação sobre o aumento do preço do pão acontece porque apenas cinco grandes grupos de moinhos controlam a comercialização no Brasil e sempre pressionam o governo para redução da tarifa de importação, embora não aceitem mexer em seus estoques.
“Numa reunião, eles pediram a importação com tarifa zero com o argumento de que o preço do pão aumentaria 36% se não fossem atendidos. Eu disse que aceitava, se eles aceitassem abrir seus estoques, mas eles não aceitaram. Não os atendemos e o preço não subiu”, afirmou.
Stephanes afirmou que apenas 5% do trigo importado vem dos Estados Unidos e que o grão influencia pouco no preço final do pão. “Tem de se considerar que o custo do trigo no pãozinho varia de 10% a 16%. Então, como a restrição de 5% da importação implicaria aumento de 16% no preço? Isso não tem lógica nenhuma. É terrorismo”.
Produção
O ministro mostrou dados que revelam que, enquanto o preço do trigo caiu de R$ 750 a tonelada em 2007 para R$ 450 a tonelada neste ano, o preço do pãozinho se manteve. “Alguém está ganhando dinheiro aí, e não é o produtor”.
A estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é de que, nesta safra, o País produza apenas 5 milhões de toneladas das 10,6 milhões do cereal que é consumido pela população.