BELO HORIZONTE. O Ministério Público (MP) de Minas Gerais instaurou procedimento para apurar falhas ocorridas em veículos da Toyota. O MP quer verificar a possibilidade de entrar com ação judicial para obrigar a empresa a fazer no Brasil o mesmo recall feito em EUA, Europa, Canadá e China.

Ontem, o MP ouviu três proprietários de Corollas — dois modelos 2008/2009 e um modelo 2009 — e todos relataram que, de repente, os veículos aceleraram bruscamente e não conseguiram frear.

Um dos consumidores sofreu um acidente em que, dentro de sua garagem, o carro teve perda total.

Tanto as testemunhas quanto o promotor Amauri da Matta, do Procon mineiro, participaram ontem de audiência pública na Assembleia Pública de Minas, solicitada pelo deputado Délio Malheiros (PV). A Toyota também foi convidada, mas enviou um pedido de adiamento, e novo encontro deve ser marcado para 6 de abril.

Uma das consumidoras ouvidas foi a bancária Patrícia Correia, dona de um Corolla 2009.

Ela contou que, em outubro passado, entrava na garagem de seu prédio quando o veículo acelerou bruscamente.

— O carro teve uma aceleração em altíssima rotação. Pisava no freio, mas não funcionou. Consegui desviar de outros carros e, por sorte, bati em uma pilastra. Senão, cairia uns 100 metros, sobre outros prédios.

Patrícia disse não ter procurado a empresa porque pensou tratar-se de um problema localizado: — Ninguém acreditou que o carro acelerou sozinho.

O deputado Délio Malheiros vai encaminhar os casos formalmente ao Ministério da Justiça: — Se a Toyota não apresentar uma proposta eficiente para resolver o problema, buscaremos uma medida judicial para que faça um recall.

A Toyota negou que os problemas tenham sido causados pela mesma falha que levou a empresa a fazer o recall em outros países. Segundo a empresa, nos casos já analisados, foi detectada a falta de presilhas de fábrica nos tapetes, que teriam prendido no acelerador. A Toyota disse estar atendendo individualmente os consumidores que relataram problemas e que, após laudo constar a falta da presilha, esta foi colocada e “nenhum problema voltou a acontecer”.