O Idec pesquisou as características de quatro tipos de aquecedores elétricos de nove marcas diferentes e alerta: além da temperatura do ambiente, o uso frequente do aparelho pode elevar - e muito - o valor da conta de luz.
O inverno só começa oficialmente às 16h10 do dia 21 de junho, mas as baixas temperaturas já têm sido recorrentes desde o início de maio no Sul e Sudeste do país. Para quem quer deixar sua casa bem quentinha, uma opção mais prática e barata que lareiras e sistemas de aquecimento central ou a gás são os aquecedores elétricos.
Mas a aquisição de um aparelho desses não é tarefa tão simples, já que os vários tipos e modelos disponíveis no mercado podem confundir o consumidor. Assim, para ajudá-lo a escolher o produto mais adequado às suas necessidades, o Idec pesquisou quatro tipos de aquecedores elétricos (irradiador, gabinete - também chamado pelos fabricantes de ventilador, pois costuma apresentar alguma forma de ventilação -, a óleo e splint) de nove marcas diferentes: Arno, Britânia, Cadence, Cônsul, Cotherm, De´Longhi, GE, Mondial e Philco. No total, foram analisados 21 modelos.
A principal constatação é que embora os preços sejam até acessíveis, o aparelho consome muita energia elétrica e pode encarecer bastante a conta de luz. Portanto, deve ser usado com parcimônia. Além disso, alguns são perigosos. O aquecedor tipo irradiador, por exemplo, pode provocar queimaduras em objetos ou pessoas próximos a ele e, assim, deve ser evitado por quem tem crianças ou animais em casa.
PRÓS E CONTRAS
O objetivo é um só: elevar a temperatura do ambiente. Mas a forma de atingi- lo ocorre de forma diferente em cada um dos quatro tipos de aquecedores encontrados no mercado (veja o quadro Como Funcionam).
O tipo irradiador tem entre suas principais vantagens o bom desempenho: praticamente toda a energia por ele consumida se transforma em calor, que é direcionado para a frente do aparelho. Nesse quesito é o que se sai melhor entre os quatro tipos. Contudo, também é o que apresenta mais risco de acidente, pois, devido à irradiação de calor, pode queimar um objeto ou pessoa que esteja muito próximo. Assim, não é uma boa opção para quem tem crianças ou animais em casa. Outro problema é que ele reduz bastante a umidade do ar e consome um pouco de oxigênio do ambiente, ou seja, é contraindicado para quem tem doenças respiratórias.
O aquecedor tipo gabinete também tem bom desempenho, embora menor que o do irradiador. É fácil de transportar, pode ser utilizado como ventilador se o aquecimento for desligado e permite bom direcionamento e circulação do calor. No entanto, também apresenta problemas de segurança. "Se o aparelho estiver em bom estado, o risco de contato com as resistências é pequeno, pois as grades são bem fechadas e muitas vezes de material termoplástico. Mas esse material aquece bastante e pode ocasionar queimaduras por contato com a grade ou pela proximidade com a saída de ar quente do aparelho", explica Marcos Vinicius Pó, engenheiro eletricista e consultor do Idec. Outros pontos negativos são o fato de, em geral, ser ruidoso, reduzir a umidade do ambiente e consumir um pouco de oxigênio.
Em termos de segurança o splint é o mais indicado. Se devidamente instalado, não apresenta risco de queimadura. Além disso, espalha o calor de maneira uniforme pelo ambiente e pode ser usado como circulador de ar. Todavia, não pode ser transportado de um ambiente para outro e seu desempenho é menor do que os do tipo irradiador e gabinete.
O aquecedor a óleo é o lanterninha em termos de desempenho, ou seja, é o que menos aquece. Além disso, seu consumo de energia costuma ser mais alto, e por ele ser grande, não é fácil de ser transportado. Por outro lado, espalha o calor uniformemente, afeta pouco a umidade do ambiente e, mais importante, apresenta pouco risco de queimaduras por contato.
Confira na tabela ao fim da página as principais características de cada tipo.
PREPARE O BOLSO
Assim como as características, o preço dos aquecedores é bastante diversificado: a pesquisa identificou que varia de R$ 75 a R$ 399 (variação de 532%). Os mais baratos, em geral, são os do tipo irradiador e os mais caros os a óleo.
Contudo, mesmo entre os do mesmo tipo, e até da mesma marca, a diferença de preço é significativa. É o caso dos modelos gabinete da De´ Longhi, que custam de R$ 105,90 a R$ 399. "A diferença pode estar relacionada a algumas comodidades agregadas a esses modelos, como oferecer umidificador de ar ou permitir o uso de essência para perfumar o ambiente, por exemplo, além de design e outras subjetividades que influenciam o preço", acredita Marcos Pó.
Diante de valores tão variados, analisar o custo-benefício de cada produto antes da compra é fundamental.
Mas o problema do aquecedor, financeiramente falando, é outro. Apesar de os preços serem acessíveis, o aparelho pode causar prejuízos após a compra. Isso porque consome muita energia elétrica, e se ficar ligado por muito tempo, pode encarecer a conta de luz. "O uso do aparelho em um mês pode superar o seu preço de aquisição", avalia Marcos Pó.
E pode mesmo. A pesquisa constatou que se o aparelho permanecer ligado por oito horas ao dia durante 15 dias, o impacto na conta de luz será de R$ 50 a R$ 95 mensais, dependendo do modelo. Os piores resultados ficam por conta dos aquecedores a óleo, cujo consumo mensal de energia representa um rombo de, no mínimo, R$ 75.
Os modelos que se saem melhor são os do tipo gabinete, mas mesmo assim o consumidor deve ficar atento. Para não entrar numa fria, o melhor a fazer é usar o aparelho com moderação.
Como foi feita a pesquisa
O levantamento dos preços foi realizado entre os dias 3 e 7 de maio nos sites das lojas Casas Bahia, Extra, Ponto Frio e Walmart. Foram avaliados 21 modelos das marcas Arno, Britânia, Cadence, Cônsul, Cotherm, De´Longhi, GE, Mondial e Philco. Para reunirmos as principais características dos quatro tipos de aquecedores elétricos disponíveis no mercado foram consultados os sites dos fabricantes (que disponibilizam o manual de instrução e a ficha técnica dos produtos) e das lojas virtuais.
Para calcular o consumo de energia foi considerada a tensão 127 V, por ser a mais presente nos lares brasileiros (em 220 V o consumo era igual ou um pouco superior). Para estimar o consumo mensal baseamo-nos nas referências do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), que considera que os aquecedores são usados por oito horas ao dia durante 15 dias por mês. O valor do kWh considerado foi o do mês de abril (R$ 0,41766 com impostos), fornecido pela Eletropaulo, concessionária de energia de São Paulo.
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Baixa umidade: sinal de alerta
Se você tem asma, bronquite ou mesmo rinite, fuja dos aquecedores do tipo irradiador e gabinete, pois reduzem a umidade do ambiente (o primeiro mais que o segundo), o que pode desencadear crise alérgica ou processo infeccioso. Uma dica para quem tem um desses tipos de aquecedor é colocar um recipiente com água no ambiente a ser aquecido. O alerta é da professora da faculdade de medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Izilda Tâmega.
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