Uma nova análise feita pela ONG Avoided Deforestation Partners para o estudo “Florestas lá, plantações aqui”, acaba de ser lançada e mostra que o fim progressivo do desmatamento apresenta um grande potencial econômico para o Brasil, particularmente para o setor agrícola.
O relatório, enviado a vários pesquisadores e ambientalistas brasileiros, apresenta que proteger as florestas irá modificar progressivamente a agricultura de não-desmatamento, além de estimular a intensificação e a modernização das operações agrícolas existentes. Com temperaturas relativamente constantes e dezenas de milhões de hectares degradados disponíveis para produção, o Brasil está muito bem posicionado para se beneficiar da mudança para uma agricultura de não-desmatamento.
De acordo com o novo estudo, o Brasil está para ter um aumento em sua receita abruta de R$ 260 – R$ 545 bilhões, advindos da redução do desflorestamento até 2030, por meio da combinação da transferência da produção e intensificação agrícola, melhoramentos, além de financiamentos de proteção florestal.
Segundo Virgilio Viana, superintendente da FAS – Fundação Amazonas Sustentável: “este estudo mostra que a redução do desmatamento no Brasil pode ser positiva para os agricultores brasileiros que não estão envolvidos em novos desmatamentos”. Reforçando que a redução do desmatamento pode também beneficiar proprietários rurais que tenham florestas, povos indígenas e populações tradicionais e órgãos governamentais que promovam a conservação de florestas, adiciona: “O importante deste estudo é mostrar que reduzir o desmatamento é do interesse nacional”. Viana, é professor e engenheiro Florestal, PhD em Biologia pela Universidade de Harvard e pós-Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade da Flórida.
Os números não incluem outros prováveis impactos para o fim do desmatamento, tais como aumento previsto no lucro do setor brasileiro de criação de gado. Historicamente, a criação de gado brasileira, particularmente àquela dependente do desmatamento, tem sofrido por baixas – e até negativas – taxas de retorno.
Este relatório cita uma pesquisa recente do Banco Mundial que projeta que a redução no desmatamento irá incentivar melhorias nas práticas existentes, como práticas no pastejo e melhores estoques de reprodutores, que irão aumentar o lucro. “Pelo incentivo, os melhoramentos na produtividade, o fim do desmatamento irá permitir ao setor brasileiro de criação de gado, tornar-se muito mais rentável que poderá contribuir com muito mais recursos para o desenvolvimento nacional do que foi possível no passado”, disse Shari Friedman, co-autor do relatório.
O relatório se utiliza dos resultados dos mesmos modelos econômicos utilizados no estudo anterior, analisando o impacto das reduções globais do desmatamento nos Estados Unidos da América – o qual foi escrito no contexto do debate em curso no congresso norte-americano sobre a legislação climática nacional.
“O relatório anterior não apresentava uma análise econômica do impacto da proteção de florestas no Brasil, e não deve ser interpretado como tal”, disse Jeff Horowitz, fundador da Avoided Deforestation Partners. Horowitz complementa dizendo que “o modelo econômico utilizado neste relatório apresenta enormes benefícios para o Brasil, e estamos confortáveis em defender isso contra qualquer um que questionar. Proteger florestas tropicais concederá importantes benefícios para o Brasil e para o resto do mundo. É uma boa notícia que vale festejar”.
Relatório completo: http://adpartners.org/pdf/Rainforest_Protection_Brazil_Analysis.pdf.