Ao olhar pela janela
Vejo um mar de concreto
Em concretudes desmedidas
Tantas famílias, corações vazios
O tempo passando em vidas perdidas
Arranha céus em meio de nuvens esparsas
Arcabouço de desconhecidos
Que residem no mesmo espaço
Vivemos sós,
Acompanhado das próprias sombras
Burlamos a solidão com nossas atitudes
Ao anoitecer, desacompanhados
Denominamos a solidão de solitude
Tempos modernos, alta tecnologia
Vive-se do trabalho para o quarto
E as salas de visitas vazias
Celulares suprem a presença
Redes socias às amizades
O tecnicismo à inteligência
Tudo transvertido em artificial
O exilio será o Novo Normal
Da amada não teremos mais beijos
Com telefone em nossas mãos
Veremos suas fotos, com passar dos dedos
Os belos Pets substituíram as amizades
Adota-se pássaros, gatos e cachorros
Animais que se tornam nossa irmandade
Vive-se na web, e eles nada pedem ou reclamam
Um mundo de sentimento estranho, tacanho.
Que concretude e tecnologia sãos estas?
Uma acimenta os corações
A outra não permitem emoções
E a vida passa desapercebida
Desumanizando pouco a pouco
Insociáveis de almas introvertidas
Ermitões de nosso desatino
Morre-se solitários como loucos
E assim se deu nossa existência
Trocando o real pela amizade virtual
O raciocínio pela inteligência artificial
E quem acompanhará nosso cortejo?
Não haverá abraços, lagrimas e beijos?
O distanciamento não permite a comoção
Enlutados, das redes sociais, postarão
A triste e solitária descida de nosso caixão.